A peixe-boi Boo, de 36 anos, deu à luz um filhote nos tanques do Inpa (Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia) nesta quinta-feira (8). De acordo com o veterinário Anselmo d’Affonseca, que cuida desse animais no instituto, esse já é o quarto filhote dela e o sexto que nasce no laboratório do Inpa. Ele espera que, quando crescer, o filhote possa viver livre nos lagos da Amazônia.
De acordo com d’Affonseca, o primeiro nascimento em cativeiro da espécie ocorreu em 1998. Para que isso ocorra, é necessária uma estrutura grande, permitindo que machos e fêmeas possam conviver juntos.
A gestação de um peixe-boi pode durar até 13 meses. Segundo o veterinário, não é possível saber quantos meses o pequeno filhote ficou na barriga da mãe, já que não se têm a data em que o bicho foi concebido. Também não se sabe quem é o pai, que será identificado por um teste de DNA.
Dos tanques para os lagos
A esperança de Anselmo é que o filhote, quando crescer, possa conhecer as águas abertas dos lagos amazônicos. Antes disso, terá que mamar dois anos e não poderá ser solto antes dos seis, quando já será quase adulto.
O veterinário conta que, em teoria, os filhotes nascidos em cativeiro têm mais chances de sobreviver na natureza do que os que nasceram nos lagos mas foram separados da mãe – cerca de 90% dos casos que chegam ao Inpa. Isso ocorre porque, com a mãe ao lado, os mamíferos não se acostumam com o ser humano, e ficam mais espertos, desconfiados.
Já houve quatro tentativas de reintroduzir os animais à natureza, mas todas fracassaram. Um morreu, outro perdeu o rádio que o localizava e dois foram resgatados, sendo que um deles não conseguiu sobreviver. “Nenhum deles havia nascido em cativeiro. Ainda assim, eram os mais ariscos [do Inpa]”, conta Anselmo. “A reintrodução de qualquer espécie é complicadíssima. Por isso, temos que conservar populações na natureza.”
Mais consciência
Boo foi o segundo peixe-boi a ser adotado pelo do Inpa. Chegou em 1974, ainda bebezinho. Naquela época, era comum que as pessoas comprassem peixes-boi e entregassem ao instituto. Contudo, segundo Anselmo, havia muitos casos em que o bicho era adquirido para ser criado em casa, mas as pessoas descobriam que a tarefa era impossível. “Quando o animal estava para morrer, doavam para a gente”.
Hoje a história já é diferente, conta o veterinário. “O Ibama tem estrutura para resgatar os animais e as pessoas veem muito esse problema na mídia e têm medo de ser denunciadas. Às vezes a própria comunidade denuncia o criador ilegal.”
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