sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010
Biocombustíveis pressionam a Amazônia
A expansão da produção de biocombustíveis no Brasil pode aumentar as emissões de dióxido de carbono do país, ao invés de reduzi-las, e empurrar a pecuária para a Amazônia e o Cerrado, de acordo com um estudo da universidade de Kassel, na Alemanha.
A pesquisa, publicada na última edição da revista científica Proceedings of the Academy of National Sciences, calcula que a expansão da pecuária rumo à Amazônia – provocada indiretamente pela expansão das plantações de cana-de-açúcar e soja, usadas na produção de etanol e biodiesel – seria responsável por quase metade do desmatamento previsto para ocorrer até 2020.
Com isso, o país levaria quase 250 anos para poupar, através do uso de biocombustíveis em vez de combustíveis fósseis, a quantidade de carbono liberada pelo desmatamento dessas áreas.
A expansão das plantações de cana se concentraria principalmente nos estados de Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro e Paraná; e em menor escala, no Nordeste.
Já a soja, segundo a pesquisa, avançaria nos estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, Goiás e Minas Gerais.
Amazônia e Cerrado
No entanto, a conseqüência indireta dessa expansão seria o avanço da pecuária para Amazônia e para o Cerrado. Nos modelos produzidos pelos estudiosos, plantações de cana e soja seriam os responsáveis indiretos por 41% e 59% do desmatamento na região, respectivamente.
Além disso, a pesquisa sugere que entre os biocombustíveis produzidos no Brasil, o óleo de palma seria o que menos emissões de carbono produziria.
O estudiosos também afirmam que, nos próximos anos, "uma colaboração mais estreita ou uma relação reforçada entre os setores do biocombustível e pecuária é crucial para uma economia eficaz de emissões de biocombustíveis no Brasil".
Os pesquisadores de diversas instituições alemãs, liderados por David Lapola, da universidade de Kassel, advertem que utilizaram em seus cálculos aumentos "algo otimistas" de produtividade na agricultura.
"De fato, os nossos resultados podem ser piores, em vista das projeções de potenciais colheitas por causa de avanços tecnológicos", diz o documento.
Os pesquisadores afirmam que, sem este aumento de produtividade nas potenciais colheitas até 2020, o tempo necessário para pagar a "dívida de carbono" – a economia de carbono provocada pela troca do combustível fóssil por biocombustíveis – passaria a mais de 400 anos.
Os cálculos dos pesquisadores foram feitos tomando como base os planos brasileiros de expansão de uso e produção de biocombustíveis.
Além disso, foram realizadas simulações de como este aumento se refletiria em termos de mudanças diretas e indiretas do uso do solo.
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