segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Pesquisadores fabricam papel com açaí e couro de peixe; meio ambiente agradece

Objetivo é aproveitar resíduos descartados pela indústria.


Materiais inusitados têm sido usados pelos pesquisadores do Inpa (Instituto Nacional de Pesquisas da Amazôna) para fabricar papel. Pelos de caroço de açaí e pó de couro de peixe, que geralmente são descartados por indústrias da região, substituem a madeira no laboratório de celulose do centro de pesquisas.

Para transformar peixes em papel, pesquisadores utilizaram um material desperdiçado pelos curtumes. “Existem algumas indústrias que usam a pele [de peixes] para fazer couro. Quando a pele entra no fulão [cilindro giratório usado para processar o couro], cai um pó, que entra no processo de criação de pasta celulósica”, explica a pesquisadora Marcela Cavalcanti, chefe do laboratório.

O resultado é um papel especial, mais emborrachado, que pode até ser impermeável, dependendo dos produtos químicos utilizados no tratamento. “Ele serve para impressão, embalagens. Artesãos têm se interessado em usá-lo para fazer embalagens, e arquitetos, para decoração interna.”

Pelo de açaí
No caso do açaí, a fabricação do papel é mais parecida com a convencional. “Cooperativas usam a amêndoa para produção de óleo ou o caroço para artesanato. Nos dois processos, o pelo que cobre o caroço é descartado”, conta Marcela.

O pelo da fruta – parecido com aqueles que envolvem o coco-da-baía – é transformado em celulose, e surge um papel mais parecido com o papel comum. Tanto no caso do açaí quanto do peixe, os pesquisadores também experimentaram a mistura com restos de papel que seria reciclado, e a mistura deu certo.

Patente
Como as pesquisas ainda estão em andamento, os papéis ainda não são confeccionados em escala industrial. Segundo a chefe do laboratório de celulose, ainda são necessários estudos para ver se há oferta de matéria-prima suficiente para alimentar uma fábrica que faça papéis desse tipo.

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