Domingo, 3 de outubro de 2010
No AC, urnas são levadas de voadeira para locais remotos. (Foto: Divulgação/ TRE AC)
Mais de 15 milhões de eleitores deverão votar neste domingo (3) em estados da Amazônia Legal, que incluem toda a região Norte do país mais o Mato Grosso e parte do Maranhão. Para garantir que moradores de locais afastados de centros urbanos participem das eleições, tribunais e cartórios eleitorais têm de botar em prática uma operação logística elaborada.
O transporte de urnas eletrônicas para locais remotos na Amazônia depende de embarcações grandes ou canoas, avião, helicóptero e, em alguns casos, é preciso finalizar o percurso a pé. Entre os locais mais afastados de centros urbanos, há comunidades rurais, ribeirinhas e reservas indígenas.
No Pará, o período de estiagem exige barcos menores e com hélices rasas para levar urnas eletrônicas a alguns locais. "Na área do baixo Rio Amazonas, há locais em que é preciso chegar a pé mesmo porque o barco não passa e não é possível descer de helicóptero", diz José Edgar Tocantins Melo, chefe de logística de urnas eletrônicas no Tribunal Regional Eleitoral do Pará (TRE-PA). Segundo ele, a Ilha do Marajó apresenta locais com mais difícil acesso no estado.
Já em Roraima, onde há 26 regiões com acesso mais complicado, a logística nas eleições inclui até o transporte de um mesário que serve também como tradutor, para facilitar a comunicação em uma comunidade indígena. "Na aldeia do Rio Anauá existem 63 eleitores e nem os mesários falam português, então levamos alguém para ajudar nisso", diz Wanderlan Fonseca, coordenador de eleições no Tribunal Regional Eleitoral de Roraima (TRE-RR).
"Não é um eleitorado muito grande, mas é a única forma para eles participarem das eleições. Mesmo com o esforço, alguns indígenas e ribeirinhos têm de andar quilômetros para poder votar. E o índice de abstenção é baixíssimo", diz ele.
Existem mais de 250 locais de mais difícil acesso para o transporte de urnas no Acre, segundo Arilton Silva de Oliveira, secretário de tecnologia do Tribunal Regional Eleitoral do Acre (TRE-AC). "Não temos um rio que cruza o estado inteiro e isso dificulta a navegação, que em geral é curta. A maior parte das urnas são transportadas de helicóptero e de avião", diz ele.
No Amazonas, leva-se oito horas de barco, uma de ônibus e três de barco para se chegar na cidade de Borba, segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Outra região de acesso mais complicado é São Gabriel da Cachoeira. Com o objetivo de agilizar a apuração dos votos em regiões como essas, este ano o governo vai contar com o envio de dados por meio de satélites.
Apuração via satélite
A iniciativa já foi testada em menor escala em eleições anteriores. Em 2010, mais de 1,2 locais em cerca de 400 cidades e 13 estados no país terão a apuração dos votos feita em tempo real por meio de satélites.
A tecnologia será usada em 73 locais no Acre e 385 no Pará, por exemplo. "No Pará, a maioria desses locais ficam realmente no meio da floresta", diz Melo, do TRE-PA. Áreas no Amapá, Amazonas, Maranhão, Rondônia, Roraima e Mato Grosso também contarão com a apuração via satélite.
Para que os votos sejam enviados, basta ter o equipamento de transmissão e um notebook, por exemplo. Os dados das urnas eletrônicas levadas a esses locais serão computados nos tribunais regionais em cada estado, segundo o TSE.
Fonte: globoamazonia
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