terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Interpol lança campanha global contra a pesca ilegal

A Interpol lançou nesta terça-feira (26) uma operação contra a pesca ilegal, um negócio que arrecada até US$ 23 bilhões (R$ 45,6 bilhões) por ano, na estimativa da agência. Ainda de acordo com a polícia internacional, o crime geralmente é cometido por pescadores que atuam longe de seus países de origem, o que aumenta a necessidade da colaboração entre os países.

“Estoques mundiais de peixe estão diminuindo rapidamente, e muitas espécies valiosas já estão próximas da extinção”, afirmou a Interpol em nota divulgada nesta terça. “A última década viu um aumento nas redes criminosas organizadas e transnacionais envolvidas em crimes de pesca”, completou o texto.

Navio da guarda costeira do Japão persegue barco de pesca ilegal na costa do país, em imagem do início de fevereiro (Foto: Reuters/11th Regional Coast Guard Headquarters-Japan Coast Guard/Divulgação) 
Navio da guarda costeira do Japão persegue barco de pesca ilegal na costa do país, em imagem do início de fevereiro (Foto: Reuters/11th Regional Coast Guard Headquarters-Japan Coast Guard/Divulgação)
 
A organização ambiental The Pew Charitable Trusts calcula que até um quinto de toda a pesca feita no mundo seja ilegal. Além disso, ela aponta que as novas tecnologias aumentam a capacidade dos barcos ilegais, tanto para permanecer mais tempo no mar quanto para pescar mais fundo. Outros pontos ressaltados pelos ecologistas são a poluição dos oceanos e o aquecimento global, que também ameaçam as populações de peixes.

Postos de venda
Para David Higgins, chefe do Programa de Crimes Ambientais da Interpol, a operação que vai do Pacífico Sul até o Oceano Ártico precisa ter atenção não só com quem pesca, mas também com quem revende o produto ilegal. “O supermercado consegue comprovar de onde vem o peixe?”, questionou.

Um estudo divulgado na semana passada pelo grupo de conservação marinha Oceania feito com mais de 1,2 mil produtos em 700 pontos de venda nos EUA mostrou que a identificação dos peixes nos rótulos estava errada em um terço dos casos.

Para a Interpol, a ação pode, inclusive, prevenir que aconteça com peixes e frutos do mar um escândalo de falsificação semelhante ao da carne de cavalo, recentemente encontrada em produtos industrializados que diziam conter carne bovina na Europa.

Com informações da Reuters

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Cientistas apontam turismo como ameaça à biodiversidade na Antártica

Cientistas que estudam a fauna e flora existentes na Antártica afirmam que a ida de turistas para o continente já é considerada uma ameaça à biodiversidade local.

O risco de transportar vegetação exótica para o solo antártico ou ainda de transmitir doenças para espécies de aves e mamíferos se tornou foco de estudo de pesquisadores brasileiros.

Uma expedição da Marinha que integra a 31ª edição da Operação Antártica (Operantar), se concentra neste ano na remoção dos destroços da Estação Antártica Comandante Ferraz, destruída por um incêndio em fevereiro de 2012 que matou duas pessoas.

O continente é lar de aves, como pinguins e skuas, além de mamíferos como focas e leões-marinhos. Apesar de distante, há roteiros turísticos que atraem milhares de visitantes todos os anos para a região, que chegam de aeronave ou em cruzeiros, saindo principalmente de Punta Arenas, no Chile.

De acordo com a Associação Internacional das Operadoras de Turismo da Antártica (IAATO, na sigla em inglês), nas quatro últimas temporadas abertas a visitantes (durante o verão no Hemisfério Sul), mais de 135 mil pessoas seguiram para a região. A estimativa do órgão para a temporada 2012-2013 é que mais 34.950 pessoas de diversas partes do planeta sigam para lá em busca dos atrativos antárticos.
Exemplar de pinguim-papua é visto na Baía do Almirantado, região onde está abrigada a Estação Antártica Comandante Ferraz (Foto: Eduardo Carvalho/G1)Exemplar de pinguim-papua é visto na Baía do Almirantado, região onde está abrigada a Estação Antártica Comandante Ferraz (Foto: Eduardo Carvalho/G1)
 
Pinguins com vírus da gripe
No entanto, para os cientistas, quanto mais pessoas na região, maior o risco para a fauna e a flora que conseguem viver em temperaturas abaixo de zero. “O que mais me assusta é o chamado ecoturismo. O pessoal vai às pinguineiras (local que abriga colônias de pinguins) e caminha por lá sem cuidados. Ali é um ambiente frágil e qualquer coisa que seja introduzida é arriscado”, disse Edison Luiz Durigon, professor do Departamento de Microbiologia do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo.

Ele é responsável pela pesquisa que encontrou o vírus da gripe em pinguins e aves migratórias nativas da Antártica. Entre 2007 e 2008, foi constatado que seis pinguins que vivem em uma colônia que tem uma população de 6 mil aves tinham incubados o vírus Influenza. Esses exemplares foram encontrados em uma pinguineira próxima ao refúgio Copacabana, que pertence aos Estados Unidos e está próximo da estação brasileira.

Mais distante dali, na Ilha Elefante, onde o Brasil mantém um refúgio utilizado por pesquisadores, o Influenza também foi detectado em um exemplar de petrel, ave migratória encontrada em grande quantidade na borda do Polo Sul. De acordo com o especialista, é provável que a gripe tenha sido transmitida devido ao contágio por humanos.

Exemplar de Skua, ave que é chamada de urubu da Antártica e faz parte da biodiversidade do continente gelado (Foto: Eduardo Carvalho/G1)Exemplar de skua, ave que é chamada de urubu da Antártica e faz parte da biodiversidade do continente gelado (Foto: Eduardo Carvalho/G1)
 
“Há bastante tempo que o homem vem degradando a região. O fato de achar o Influenza por lá não foi grande novidade. No entanto, todos os animais são suscetíveis ao vírus. Se você levar a doença, é possível causar uma infecção geral na colônia. Mesmo que não cause a morte, o vírus permanece naquela área para sempre”, explica o pesquisador.

A cepa da doença deverá ser descrita em março com a ajuda da Universidade de Memphis, nos Estados Unidos, graças ao sequenciamento genético de amostras de sangue
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Durigon afirma ainda que uma solução para evitar o risco de epidemia é obrigar os visitantes a tomar vacina contra a gripe antes de embarcar em navios ou aeronaves em direção à Antártica. “Funcionaria como já acontece com quem vai viajar para a Amazônia, por exemplo, e é obrigado a tomar vacina contra a febre amarela. Os indivíduos teriam que mostrar a carteira de vacinação”, disse Durigon.
 
Vegetação exótica
Outro grupo de pesquisadores do Rio Grande do Sul, liderados por Jair Putzke, da Universidade Federal de Santa Cruz do Sul, aponta para o risco de turistas levarem para a Antártica nos calçados sementes e resquícios de vegetação de diferentes partes do mundo.

Ele afirma que na Península Antártica já é possível encontrar espécies consideradas exóticas, ou seja, que são de fora da região, que ameaçam os poucos vegetais que conseguem sobreviver ao frio extremo.
A região é a que mais sofre as consequências das mudanças climáticas. Segundo pesquisas científicas, ali há registro de aumento de 3º C nos últimos 55 anos.

No restante da costa da Antártica, o crescimento máximo registrado foi de 2º C. Por conta disso, há observações de retrações de geleiras e de migração de aves e plantas para o sul da península antártica, de acordo com pesquisadores brasileros.

Fonte: Globo Natureza

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Estudo revela diminuição da água nos rios Tigre e Eufrates

Satélites americanos detectaram uma grande diminuição das reservas de água nos rios Tigre e Eufrates em um período de sete anos, a partir de 2003, segundo um novo estudo.

Os leitos desses rios, cujas águas irrigam parte do Iraque, do Irã, da Turquia e da Síria, perderam o equivalente a um Mar Morto.

"É uma quantidade de água suficiente para satisfazer as necessidades de milhares de pessoas na região a cada ano, dependendo das regras de uso regional e a disponibilidade", afirmou Jay Famiglietti, diretor da investigação.

O estudo publicado na revista Water Resources Research, foi realizado por cientistas da Universidade da Califórnia, do Centro de Voos Espaciais Goddard, da Nasa (Agência Espacial Norte-Americana), e do Centro Nacional de Pesquisas Atmosféricas.

Ele se baseia nos dados recolhidos durante um período de sete anos pelos satélites GRACE, da Nasa, que vigiam as mudanças globais nas reservas de água.

De acordo com as variações nas reservas de água em uma determinada região, os satélites medem a gravidade das transformações e seus impactos.

"Os dados dos [satélites] GRACE mostram um índice alarmante de queda no armazenamento total de água no Tigre e Eufrates, que atualmente possuem a segunda taxa de perda mais rápida de águas subterrâneas da Terra, depois da Índia", indicou Famiglietti.

Parte desta diminuição foi atribuída à seca de 2007 e os acumulos de neve, e ainda pela perda de água da superfície dos lagos.

Mas 60% da diminuição da água foi resultado do bombeamento de água subterrânea. Neste sentido, Famiglietti destacou o Iraque, que perfurou mil novos poços em resposta à seca de 2007.

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Amazônia terá torre científica de 320 metros

Uma torre de 320 metros de altura para pesquisas científicas deve ser instalada na Amazônia em dezembro deste ano pelo coordenador brasileiro do projeto, Antonio Ocimar Manzi, pesquisador do Inpa (Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia).

Batizado de Observatório Amazônico com Torre Alta (ATTO, na sigla em inglês), o projeto é uma cooperação entre os governos do Brasil e da Alemanha, e terá investimento inicial de R$ 22 milhões, diz o dirigente. Dessa verba, R$ 10 milhões virão do Ministério da Ciência e Tecnologia brasileiro, R$ 10 milhões do governo alemão e R$ 2 milhões do governo do estado do Amazonas.

Torre usada para pesquisas científicas na Amazônia; nova estrutura terá 320 metros, maior do que a Torre Eiffel, na França (Foto: Divulgação/ATTO)Torre usada para pesquisas científicas na Amazônia; nova estrutura de ser parecida e vai ter 320 metros de altura, maior do que a Torre Eiffel, na França (Foto: Divulgação/ATTO)

"É um projeto de longo prazo para o monitoramento da Amazônia", ressalta Manzi. A logística de preparação do programa é complexa, e o prazo será mantido se não ocorrerem atrasos, diz o professor de física atmosférica da USP, Paulo Artaxo, que também participa do ATTO.
 
Torre Eiffel
A estrutura vai ser ligeiramente mais alta que a Torre Eiffel, símbolo de Paris, na França, diz o professor da USP. Ele ressalta, no entanto, que as duas torres têm finalidades muito distintas. A que vai ser montada na Amazônia ajudará a estudar a composição química da atmosfera sobre a floresta, principalmente sobre os níveis de CO2, além de elementos como nitrogênio e fósforo, ressalta Manzi.

Algumas linhas de pesquisa vão envolver também a formação de nuvens e o regime de chuvas na Amazônia; a troca de matéria e energia entre a biosfera e a atmosfera na área da floresta; estudos sobre ecologia, como a vegetação da mata, os nutrientes e composição do solo, entre outros temas.

Além da torre de 320 metros, serão construídas quatro torres auxiliares, em formato de cruz, a cerca de 100 metros de distância da estrutura principal. Elas terão 80 metros de altura, de acordo com Artaxo.
 
Quanto mais alto, melhor
Já existem outras torres de pesquisa construídas na Amazônia, com tamanhos menores - de 65 a 85 metros de altura, aproximadamente. Uma delas tem 82 metros e está gerando dados científicos desde janeiro do ano passado, segundo o coordenador do ATTO. "Quanto mais alto medirmos, mais a gente vai saber o que o vento está trazendo. Virão contribuições [em termos de dados sobre a atmosfera, por exemplo] de distâncias maiores", diz Manzi.

Torre de 82 metros na Amazônia que está gerando dados científicos desde janeiro de 2012, segundo Manzi (Foto: Divulgação/ATTO) 
Torre de 82 metros na Amazônia que está gerando
dados científicos desde janeiro de 2012, segundo
Manzi (Foto: Divulgação/ATTO)
 
Artaxo pondera que o "footprint" da torre de 320 metros, isto é, a capacidade de medir dados originários de longas distâncias, vai ser de cerca de 1.000 km, dependendo da velocidade do vento.
 
Pelo menos 30 anos
As torres do ATTO estão sendo instaladas em uma área da floresta amazônica a 150 km a nordeste de Manaus, seguindo uma linha reta, diz o coordenador do programa. "Este é um projeto de pelo menos 30 anos de duração", afirma ele.

Na avaliação de Manzi, a torre é uma das maiores do mundo entre as construídas especificamente para fins científicos.

Um programa similar ao ATTO, com objetivo de fazer monitoramento meteorológico, está sendo realizado na Sibéria já há alguns anos - uma torre de 300 metros de altura foi instalada na região do pequeno povoado de Zotino, que fica a cerca de 3 mil km da capital da Rússia, Moscou, também em parceria com a Alemanha.

Mas o projeto brasileiro, do ponto de vista científico, "vai ser mais completo", diz Manzi. Ele considera que o ATTO vai se tornar referência mundial em pesquisas sobre florestas tropicais, já que não há programa igual sendo executado neste tipo de ecossistema.
Torre de monitoramento meteorológico instalada na Sibéria (Foto: Divulgação/ATTO)Torre de monitoramento meteorológico instalada na Sibéria (Foto: Divulgação/ATTO)
Fonte: g1.globo.com/natureza