terça-feira, 30 de junho de 2009

Desmatamento favorece mosquito transmissor da malária, diz estudo


Cientistas encontraram mais larvas em áreas devastadas.

O desmatamento favorece a ocorrência do principal transmissor de malária na Amazônia, o mosquito Anopheles darlingi, aponta estudo publicado na edição de julho do “American Journal of Tropical Medicine and Hygiene”.


Cientistas analisaram larvas coletadas na água ao longo de 112 quilômetros da rodovia que liga Iquitos a Nauta, na Amazônia peruana. Os pesquisadores verificaram que esta espécie de mosquitos estava presente em 10,3% dos 844 pontos em que foi feita coleta de larvas.

Com imagens de satélite e observações em campo, eles concluíram que nos lugares onde o A. darlingi está presente, a cobertura florestal média é de 24,1%, comparado com 41% para os lugares sem a presença do inseto.

Intrigado com o rápido aumento dos casos de malária na Amazônia peruana nos anos 90, o grupo resolveu estudar a doença na região – em 1997 cerca de um terço da população local havia tido a doença. Em 2006, um estudo já havia documentado a maior incidência de Anopheles darlingi adulto em áreas desmatadas da floresta.

Não está claro ainda qual é o mecanismo ecológico que causa esta variação na ocorrência do inseto. William Pan, professor da Escola de Saúde Pública Johns Hopkins Bloomberg, um dos autores do estudo, está fazendo uma pesquisa adicional com a população humana da região. Um terço das pessoas que ele está estudando tiveram malária no último ano e, de acordo com Pan, a maioria delas vive em áreas desmatadas recentemente.

O Anopheles darlingi é o principal vetor de disseminação da malária também na Amazônia brasileira. Segundo a Organização Mundial da Saúde, uma criança morre pela doença a cada 30 segundos no mundo. Em 2006, de acordo com a OMS, a malária matou cerca de um milhão de pessoas, principalmente na África.

segunda-feira, 29 de junho de 2009

Nuvens escondem pico do desmatamento

Período chuvoso na Amazônia atrapalha monitoramento da devastação.


O dado de desmatamento da Amazônia do mês de maio divulgado na última semana pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) é menor que o do mesmo mês do ano passado. Foi detectado desflorestamento de 123,7 km², contra 1.096 km² em maio de 2008, uma diferença de 89%.

No entanto, este tipo de comparação pode levar a falsas conclusões. A forte presença de nuvens, que encobriram 62% da Amazônia Legal no último mês, prejudicou a visualização do desmatamento pelos satélites e pode causar surpresa desagradável nos próximos meses.

Segundo explica o coordenador do projeto Amazônia do Inpe, Dalton Valeriano, quando acaba a época chuvosa, o sistema Deter (Detecção de Desmatamento em Tempo Real) sempre apresenta uma alta. “Esse pico não é desmatamento que aconteceu naquele mês, mas sim que foi detectado e aconteceu desde a última observação [sem cobertura excessiva de nuvens], que geralmente está no meio do semestre anterior”, explica o pesquisador (veja abaixo gráfico com todos os números do Deter).
Este ano, em que a Amazônia enfrentou chuvas muito intensas e cheia recorde, a cobertura de nuvens em maio foi superior ao normal. “Esse ano foi um horror”, sintetiza Valeriano. “Quando dá essa abertura e conseguimos realmente observar Mato Grosso e o sul do Pará, aí aparece um pico no desmatamento”, explica.

Como explica Valeriano, a cobertura de nuvens faz com que os dados do Deter sejam inadequados para comparação mês a mês. Ele é um sistema cuja principal função é orientar ações de fiscalização em áreas onde a devastação é flagrada. Dalton Valeriano acrescenta ainda que o Inpe está fazendo os últimos ajustes para começar a trabalhar com dados de radar de satélites japoneses, que “enxergam através das nuvens”.

Quando estiver em funcionamento, o método vai permitir que o desflorestamento seja reprimido de forma mais efetiva durante o “inverno” amazônico (época de chuvas). “O desmatamento continua acontecendo no período chuvoso. Existem vários exemplos disso”, adverte Valeriano, contrariando a crença de que os desmatadores agem apenas na seca.

domingo, 28 de junho de 2009

ONGs pedem que consumidores saibam origem da carne que consomem

Organizações querem que governo crie sistema para rastrear gado.


Quando vai comprar uma peça de picanha ou um hambúrguer no supermercado, o consumidor precisa saber de onde veio aquela carne. Essa é a exigência feita por três ONGs ao governo federal, em carta pública enviada na última quarta-feira (24).

As organizações pedem que seja criado um sistema de rastreamento da carne e que na etiqueta dos produtos seja indicada a fazenda de origem do gado. O objetivo das ONGs é dar ao consumidor a possibilidade de boicotar propriedades que não respeitem regras ambientais ou trabalhistas.

Estudos recentes apontam que a pecuária ocupa a maior parte das áreas desmatadas recentemente na Amazônia, além de ser um dos setores que mais concentra casos de trabalho escravo.

sábado, 27 de junho de 2009

Empresários se animam com integração entre o Acre e Pucallpa no Peru

Rota aérea entre Cruzeiro do Sul e Pucallpa será viabilizada.

Texto: Yuri Marcel
Foto: Odair Leal

A comitiva que foi à cidade peruana de Pucallpa buscando a integração entre a região e o Estado do Acre não era formada apenas por políticos. Mais de 50 empresários acreanos também participaram do evento, a maioria do Vale do Juruá, outros da capital acreana e apesar das diferenças todos concordaram em um ponto, investir no mercado pucalpino é uma alternativa viável e lucrativa.


Os empresários se reuniram com autoridades e representantes de órgãos estaduais e federais do Brasil e Peru para discutir a melhor forma de fazer essa integração. De acordo com o presidente da Federação Comercial do Acre, Adem Araújo, as duas regiões possuem produtos que interessam a ambas e devem com urgência viabilizar negócios.


Para o deputado federal Gladson Cameli (PP) não apenas Cruzeiro do Sul, mas todas as cidades que formam o Vale do Juruá iriam se beneficiar com a compra de produtos de hortifruti produzidos no Peru, já que haveria uma redução nos preços. "Hoje, quando estamos no período de inverno e a BR -364 se torna quase impossível de trafegar, o quilo dos alimentos pode chegar a R$ 8,00, um absurdo". No lado peruano, a necessidade é de carne bovina que tem produção em grande escala no lado brasileiro da fronteira.


Algumas questões que emperram a solução deste caso como a falta de uma linha aérea ou via terrestre entre as cidades e as questões de alfandegamento e fiscalização também estiveram em pauta. Representantes da empresa aérea peruana StarPeru participaram do encontro e demonstraram interesse no estabelecimento de uma linha regular de vôos entre os países, não apenas para fazer transporte de cargas, mas de passageiros criando uma nova rota turística.
O turismo, aliás, foi um ponto amplamente discutido.


De acordo com o secretário de Turismo, Cassiano Marques, a ampliação de rotas turísticas que levem acreanos para os países vizinhos ou vice-versa tem sido uma das prioridades. Ele disse que o governo do Estado do Acre tem visto como benéfico o estreitamento das relações nessa região extrema da floresta amazônica.


O secretário aproveitou ainda para convidar os produtores do Peru para participarem da ExpoJuruá, no final de agosto, com o objetivo de despertar nos acreanos um interesse maior pela cultura andina. "Temos no Acre uma grande quantidade de pessoas que viajam para outros lugares do país e queremos apresentar a elas uma alternativa mais econômica e agradável".


A empresa brasileira Expresso Araçatuba vislumbrou uma possibilidade de bons negócios no transporte de cargas e mantimentos para o Peru e vice-versa. Porém, para que tudo isso aconteça é preciso a mobilização de diversos segmentos. Nesse ponto é que entra a bancada de parlamentares federais acreanos.


Segundo a líder do bloco, Perpétua Almeida (PC do B), é consenso entre os deputados que essa integração é necessária para o desenvolvimento da área fronteiriça. "A gente percebe em todas essas reuniões que tem ocorrido nos últimos dias que precisamos dialogar com os órgãos federais, mas a bancada está unida e há esse entendimento de que se for necessário mudar a legislação aérea e o que mais for preciso para melhorar a qualidade de vida do nosso povo nós vamos lutar para fazer".


Nos próximos dias a bancada deverá marcar uma série de reuniões com a Infraero, Anvisa e a Superintendência da Receita Federal. Além disso, o governo do Estado se comprometeu a construir um terminal de cargas no aeroporto internacional de Cruzeiro do Sul para receber e enviar produtos. O Encontro Político Comercial entre Cruzeiro do Sul Pucallpa terminou na quinta-feira (25), com uma rodada de reuniões com empresários peruanos.

sexta-feira, 26 de junho de 2009

Aprovação da MP da Amazônia desagrada ruralistas e ambientalistas

Senadoras Marina Silva e Kátia Abreu criticaram sansão e veto.
Foi sancionada pelo presidente Lula, com vetos, a Medida Provisória 458, que regulariza terras na Amazônia. A medida prevê a transferência de 67 milhões de hectares de terras públicas a pessoas que ocupam esses locais antes de dezembro de 2004.

Lula retirou do texto algumas modificações que foram feitas durante a votação no Congresso, como o dispositivo permitindo que empresas também pudessem regularizar terras. Também foi barrada a possibilidade de pessoas conseguirem terrenos ocupados por meio de empregados ou prepostos. O anúncio do veto foi feito nesta quinta-feira (25), e desagradou ruralistas e ambientalistas.

Em Palmas (TO), a senadora Kátia Abreu (DEM-TO), relatora da proposta no Senado, criticou a decisão do presidente. “Esse veto significa um preconceito contra o produtor rural. Vetar a possibilidade de um mini, pequeno ou médio produtor transformar-se em pessoa jurídica, transformar-se em uma empresa no campo, não pode ser encarado como uma fraude.
Na cidade, esse estímulo é dado todos os dias àqueles que são informais”, reclama. A senadora Marina Silva (PT-AC), ex-ministra do Meio Ambiente, também não concorda com a proposta do governo de regularização, e quer que o congresso acompanhe o processo.
“Eu estou protocolando, junto à Comissão de Direitos Humanos, a criação de uma subcomissão para acompanhar a questão da regularização fundiária, para ser um espaço em que as pessoas possam contar com uma subcomissão que faça visita nos lugares mais tensos da Amazônia, onde temos problemas de violência e de ocupação indevida de terras”, afirma.

4º Salão do Turismo

Setor movimenta a economia de Norte a Sul do país; ao lado as belezas do Parque Nacional da Serra do Divisor em Cruzeiro do Sul (AC)

Uma oportunidade única para programar a viagem ideal para as férias de fim de ano ou para os feriados do segundo semestre. O 4º Salão do Turismo, Roteiros do Brasil, de 1º a 5 de julho, leva ao público um leque amplo e variado com as principais novidades das operadoras, agências de viagem, companhias aéreas e meios de hospedagem para uma viagem nacional. Ofertas capazes de agradar os mais diversos gostos. O evento fortalece e consolida o caráter comercial a cada edição.

De acordo com a Alcântara Machado Feiras de Negócios, organizadora oficial do evento, os expositores faturaram R$ 5 milhões em 2008. Para este ano a estimativa dos organizadores é manter o mesmo patamar. Aproximadamente 60 empresas já garantiram presença.

O mercado tem aprovado o retorno gerado no Salão do Turismo. Quase a totalidade(96%) dos expositores participantes da última edição, renovaram o contrato ou ampliaram o estande para este ano. Há um mês do evento, 93% da Área de Comercialização já estava reservada.

“Nossa ideia é promover os roteiros brasileiros e incentivar o turismo interno”, explica Tânia Brizolla, coordenadora geral do Salão do Turismo.

Além da negociação direta com o público, as empresas do segmento aproveitam a oportunidade para interagir. É a Rodada de Negócios, em 2 e 3 de julho, das 9h às 18h. As vagas desse módulo cresceram em 47,3% em relação ao último ano.

O comitê curador selecionou 280 empresas – 90 a mais que 2008 – de um total de 547 pré-inscritas – 329 agências de viagem e 218 meios de hospedagem. Para tornar o módulo mais proveitoso, os organizadores montaram um mix com empresas que participaram da última edição do evento e novatas na mesma proporção.

quinta-feira, 25 de junho de 2009

Cultivo de feijão é alternativa no Acre

Assistência técnica e mecanização viabilizam produção


As áreas destinadas ao plantio de feijão foram definidas como Zonas de Desenvolvimento Especial (Zed). São grandes áreas propicias para a agricultura familiar localizadas na região do Alto e Baixo Acre. Essas áreas foram definidas por meio do Zoneamento Ecológico Econômico do Acre. Ferramenta utilizada pelo governo do Estado que elimina a necessidade de novos desmatamentos.

Com a utilização de assistência técnica, mecanização agrícola e o acompanhamento de engenheiros agrônomos das Secretarias de Agropecuária e Produção Familiar foi possível plantar o feijão no mesmo solo que antes havia sido destinado ao cultivo de milho.

Uma parceria do governo do Estado com a Conab possibilitou a distribuição de 50 toneladas do feijão carioquinha, comum na região, aos pequenos e médios produtores. Nos municípios de Plácido de Castro, Senador Guiomard, Acrelândia, Capixaba, Brasiléia e Sena Madureira estão localizados os maiores roçados. Apesar de que Cruzeiro do Sul no Vale do Juruá produz mais de dezesseis variedades de feijão, que garante o abastecimento da região.

Nossa reportagem (TV Aldeia) visitou uma propriedade no quilômetro 67 da BR-317 onde estão plantados seis hectares de feijão. Seu José Mairton fez empréstimo junto ao FNO e comprou maquinário e equipamento para melhorar a produtividade. Ele pretende colher dentro de noventa dias três toneladas e meio por hectare.

Para o sucesso do cultivo de feijão na Amazônia é fundamental o controle de pragas e doenças. Duas em especial causam maior preocupação aos produtores: a mela e a vaquinha do feijoeiro. Nilton César é engenheiro agrônomo da Secretaria de Agropecuária.

Ele explica que a vaquinha do feijoeiro é uma praga causada por um pequeno besouro que consome a folha da planta até exterminá-la. Já a mela do feijoeiro é um fungo causado pela umidade do clima. Para o engenheiro, em ambos os casos o acompanhamento e a prevenção são fundamentais para evitar a perda da lavoura.

De acordo com o secretário de Agropecuária, Mauro Ribeiro (foto), o objetivo é fazer com que dentro de pouco tempo o feijão conquiste a auto-suficiência na produção local.



quarta-feira, 24 de junho de 2009

Embrapa Acre quer intensificar controle de fungo que ataca a castanha do Brasil


Pesquisadores da Embrapa se reuniram na manhãdesta quarta-feira (24) para discutirem os resultados do projeto de controle da aflatoxina, um fungo que ataca a castanha deixando-a imprópria para o consumo. O projeto é desenvolvido no ano passado em parceria com um instituto francês e o governo do Acre.

O local escolhido para demonstração foi o seringalPorongaba, na Reserva Extrativista Chico Mendes, em Brasília. A pesquisadora Virgínia Alvarez fez parte da equipe de campo. Segundo ela, os resultados mostram que é na fase de armazenamento e secagem da castanha onde o fungo da aflatoxina mais se desenvolve.

Os resultados do projeto serão apresentados aos produtores durante um dia de campo programado para o mês de agosto em Brasiléia. As experiências vão servir de laboratório para novas pesquisas voltadas para o controle do fungo.

No mês de julho um amplo projeto envolvendo todos os Estados da região Norte para o controle da aflatoxina será implantado. O objetivoé garantir mais qualidade a castanha produzida na região e abrir novos mercados consumidores.

terça-feira, 23 de junho de 2009

Excesso de chuva prejudica safra do amendoim em Senador Guiomard

Produção é suficiente apenas para atender a demanda interna


O município de Senador Guiomard, distante 20 km de Rio Branco, é conhecido em todo o Estado como o maior produtor de amendoim da região. No projeto de assentamento limeira, no ramal do Coquinho, a 14 km do Quinari, está localizada acooperativa dos produtores de amendoim do município.

Logo na entrada é possível ver máquinas e equipamentos parados. Seu Donato Gomes, de 70 anos, é produtor de amendoim há 30. Ele mostra a nossa reportagem (TV Aldeia) o que sobrou do produto após o fracasso na colheita. Cerca de 60 toneladas foram perdidas devido ao rigor do inverno. Assim como ele outros 30 agricultores filiados à cooperativa vivem o mesmo problema.

De acordo com os agricultores, a safra de amendoim desse ano foi uma das melhores dos últimos, mas devido ao excesso de chuvas as perdasforam inevitáveis. Para amenizar os prejuízos, a saída encontrada pelos produtores foi planar outras lavouras como o feijão e mandioca.

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Ibama apreende balsa com R$ 1 milhão em madeira nos rios do Pará

Barco carregava o equivalente a 40 caminhões de toras.


Pouco depois de colocar os barcos na água para fiscalizar o transporte ilegal de madeira nos afluentes do Amazonas, o Ibama de Santarém (PA) apreendeu, nesta sexta-feira (19) uma balsa com mil metros cúbicos de toras. A madeira, que seria suficiente para encher 40 caminhões, foi avaliada em R$ 1 milhão.

Uma espingarda de calibre 12 foi encontrada pelos fiscais, que prenderam quatro pessoas em flagrante. “A madeira é totalmente ilegal, sem nenhum tipo de documentação”, afirma o chefe de fiscalização do Ibama de Santarém, Gustavo Müller de Podestá. As toras – de árvores nobres como ipê, maçaranduba e angelim – foram transportadas para Santarém e serão doadas. As multas aplicadas podem chegar a R$ 300 mil.

Cheia favorece madeireiros
A operação do Ibama, batizada de Bajara, tem como foco os madeireiros que atuam em uma região preservada de mata que fica entre Santarém e Belém, nas margens do Rio Amazonas. Segundo Podestá, a cheia dos rios torna mais fácil o transporte ilegal de madeira nos afluentes do Amazonas, pois pequenos rios podem ser usados para escoar grande quantidade de toras.

As pessoas levam o maquinário por balsa, cortam a madeira, estocam na beira do rio, retiram e vão embora. Praticamente não há transporte terrestre”, relata o chefe de fiscalização. A operação, que conta com 20 homens, barcos, caminhonetes e helicópteros, não tem data para terminar.

domingo, 21 de junho de 2009

Quando a política tenta mudar o tempo


O projeto de Lei de autoria do senador Arthur Virgílio (foto), do PSDB do Amazonas, que unifica o fuso horário brasileiro, é uma afronta às populações tradicionais da Amazônia. Gente que há séculos se habituou a acordar com o canto do galo e levantar ao clarear do dia.

Os argumentos de que a mudança traria benefícios nas áreas de transporte, comunicação e economia não podem ser levados em consideração quando se esta falando em alterar o modo de vida de milhões de pessoas. O mais intrigante é que esse senador tucano mora na Amazônia, mas com certeza não conversou com nenhum ribeirinho antes de apresentar o projeto. Se assim fosse, não teria descartado a realização de um plebiscito.

Por fim, fico com a tese do professor doutor em Ciências Físicas, Alejandro Fonseca, da Universidade Federal do Acre. Ele me disse em entrevista que o Brasil é um país continental, por isso a necessidade de se ter mais de um fuso horário.

- Se essa mudança for mesmo aprovada os estudantes, as pessoas e até mesmo os animais jamais conseguirão se adaptar. O relógio biológico das pessoas vai ser alterado e isso será irreversível-, disse o professor Alejandro Fonseca.

sábado, 20 de junho de 2009

Animal exótico vive nas florestas do Acre

Quandú mantém hábito norturno e usa os espinhos presos ao corpo para se defender dos predadores.


Mamífero da ordem dos roedores, também conhecido como porco-espinho de cauda, o Cuandu que habita as matas da Amazônia é pouco visto pelos próprios moradores das áreas rurais. Esses animais costumam se deslocar à procura de alimentos no período noturno. Este foi visto na BR-364 entre os municípios de Cruzeiro do Sul e Mâncio Lima, no Vale do Juruá.


Eles costumam se esconder durante o dia em troncos de árvores espinhosas, nos charcos de matas e capoeiras. Os espinhos do quandú não podem ser atirados como dardos contra o inimigo como muitos pensam, mas largam facilmente do corpo e causam perfurações que infeccionam com rapidez. Predadores que se arriscarem um ataque ao quandú podem morrer com os espinhos espetados na boca, como é o caso dos cães de caça.

Boicote aos ‘bois do desmatamento’ já é apoiado por 35 empresas, diz MPF

Estão na lista supermercados, indústrias de alimentos e de roupas.


Pelo menos 35 empresas já confirmaram ao Ministério Público Federal que deixarão de comprar gado ou derivados que tenham como origem os pastos recém-desmatados no Pará. Elas foram alertadas pelos promotores paraenses e concordaram em cortar fornecedores que não tenham como comprovar a origem de seus produtos.

A lista das empresas que confirmaram o boicote foi publicada pelo MPF nesta sexta-feira (19). Entre elas estão Vicunha Têxtil, Vulcabrás, Ypê e Sadia. Na semana passada, as redes de supermercados Carrefour, Wal-Mart e Pão de Açúcar já haviam anunciado corte na compra de produtos advindos de desmatamento.

Fazendas embargadas
Segundo o MPF,
21 fazendas embargadas pelo Ibama têm rebanhos de gado no Pará. Elas vendem para 13 frigoríficos e curtumes da região. Todos estão sendo processados. “A partir do momento que o frigorífico compra gado de um lugar que é embargado, o frigorífico é responsável solidário por aquele dano ambiental”, disse o procurador da Daniel Cesar Avelino, um dos autores da ação, quando anunciou as medidas do MPF.

A ONG ambientalista Greenpeace fez um levantamento paralelo da cadeia da carne e do couro em estados amazônicos e concluiu que a produção da região abastece também o mercado externo.

Boicote compulsivo
O corte nos fornecedores não é apenas uma indicação do Ministério Público. Quem não decretar o boicote corre o risco de também ser acionado judicialmente. “Foram reunidas provas suficientes da responsabilidade dos frigoríficos no desmatamento e quem não atender a recomendação e continuar comprando deles será processado como responsável solidário pela derrubada ilegal cometida em terras paraenses”, afirma Avelino em nota publicada pelo MPF.

No total, o órgão enviou a recomendação a 69 empresas, das quais 39 já responderam. Quatro delas pediram mais prazos para tomar providências. Outras quatro disseram que já exigem selos de inspeção federal e notas fiscais ao comprarem produtos dos 13 frigoríficos paraenses processados pelo MPF. Segundo os promotores, novas advertências serão enviadas a essas empresas, pois eles entendem que esses documentos não garantem que o gado não veio de áreas recentemente desmatadas.

sexta-feira, 19 de junho de 2009

Seaprof recupera roçados degradados e incentiva horticultura no vale do Juruá

Juntamente com o Sebrae, o governo do estado vem incentivando a produção de tomates na região.



Seaprof está executando o projeto ‘roçados sustentáveis’ nas comunidades de São Pedro e Buritirana, beneficiando 36 famílias. A ação consiste na recuperação de 72 hectares de terras através do plantio da leguminosa conhecida por mucuna preta. Acontece que os produtores da região do vale do Juruá estão produzindo cerca de 38 sacas de farinha por hectare plantado com mandioca, o que é pouco considerando que há regiões onde a produção alcança 100 sacos de farinha por hectare.

Conforme explica Valdemir Neto, chefe do escritório local da Seaprof, o governo do estado faz a mecanização da área e fornece as sementes, enquanto o produtor fica responsável pelos tratos com a cultura da leguminosa. O projeto de recuperação de áreas degradadas está no âmbito do programa Pró-Florestania que se destina a financiar ações de produção entre as comunidades tradicionais e fortalecer a agricultura familiar.


Segundo Neto, a recuperação de terras através da mucuna preta já foi testada com sucesso na região do vale do Acre, tendo havido aumento de 30% na produção, em áreas beneficiadas. A mucuna preta repõe nutrientes no solo.

Aradagem de terra
Ainda no âmbito do programa Pró-Florestania, a Seaprof iniciou a aradagem de terras para pequenos agricultores no polo agroflorestal de Rodrigues Alves. Segundo Neto, já existe pedido de 70 pequenos produtores. No ano passado, a Seaprof atendeu pedidos de 127 produtores.

Outra ação da Seaprof, em conjunto com o gabinete do senador Tião Viana está sendo desenvolvida na Vila Assis Brasil com as fabricantes de biscoitos de goma. Os biscoitos são tradicionais no vale do Juruá e muito apreciados na capital e por turistas que visitam a região. O objetivo é racionalizar a produção, melhorar o produto e a embalagem, de forma a que os biscoitos possam ser exportados e assim agregar valor à produção de mandioca.


Horticultura
Juntamente com o Sebrae, o governo do estado vem incentivando a produção de tomates na região. Alguns produtores já obtiveram boas safras, embora ainda não tenha havido produção suficiente para baixar o preço. A Seaprof também vem incentivando a produção de outros tipos de hortaliças. Há um grupo de horticultores na comunidade Assis Brasil que está recebendo os plásticos destinados à cobertura de casas de vegetação, sementes e um micro trator para os serviços iniciais.

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Marina Silva recebe importante prêmio internacional na área ambiental

Mahatma Gandhi dizia: "Nunca subestime a capacidade de os indivíduos mudar o mundo". Para os membros da Fundação Sophie, da Noruega, a acreana Marina Silva confirma as palavras do pacifista indiano.

A senadora foi escolhida para receber o Prêmio Sofia 2009, um dos mais importantes do mundo, concedido à pessoa ou organização que tenha contribuído para reforçar a consciência de defesa do meio ambiente e a importância de alternativas para o desenvolvimento sustentável do planeta.

A solenidade de entrega do prêmio acontece nesta quarta-feira, 17, às 16 horas, no Christiania Teater, em Oslo, Noruega.
Criado em 1997, pelo escritor norueguês Jostein Gaarder (autor do livro "O mundo de Sofia", best seller traduzido em 53 idiomas) o prêmio já foi entregue, entre outras pessoas e instituições, à Wangari Maathai, a ecologista queniana que foi Nobel da Paz em 2004.

Este é o quarto prêmio internacional que Marina Silva recebe depois que deixou o governo federal e voltou ao Senado. Há um ano ganhou a medalha Duque de Edimburgo do príncipe Philip da Inglaterra, em reconhecimento à sua luta em defesa da Amazônia brasileira (o mais importante concedido pela WWF); recebeu, também, o "World Rainforest Award", concedido pela Rainforest Action Network (RAN) como reconhecimento por seu compromisso de proteger a floresta tropical; e o XIV Prêmio N"Aitun 2009, destinado à pessoas e instituições que se destacam na defesa do meio ambiente.

A senadora venceu ainda outros dez prêmios internacionais, ganhou dezenas de prêmios e medalhas nacionais e já foi escolhida, pelo jornal britânico "The Guardian", em 2007, uma das pessoas em condições de ajudar a salvar o planeta.


(Fonte: Assessoria Fundação Sophie)

quarta-feira, 17 de junho de 2009

Comissão do Senado aprova projeto de horário unificado em todo o Brasil

Com mudança Acre passa a ter o mesmo horário de Brasília

A unificação da hora em todo o território nacional, com base na hora de Brasília (DF), foi aprovada nesta terça-feira pela Comissão de Assuntos Econômicos (CAE). O projeto de lei (PLS/08), de autoria do senador Arthur Virgílio (PSDB-AM), segue para análise da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE), em decisão terminativa.

Segundo Arthur Virgílio, a medida irá eliminar diferenças de fuso horário verificadas no Amazonas, Acre, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Rondônia e Roraima. Estas regiões tem uma hora a menos em relação à Brasília, que está a três horas de atraso em relação à hora oficial de Greenwich. Ele explicou aos demais senadores que as variações de horário causam os mais variados transtornos.

"Obstáculo à maior integração do espaço econômico nacional; prejuízo de grande monta à integração econômica das populações e atividades realizadas na porção mais ocidental da área continental brasileira; deficiente integração dos centros comerciais e industriais de Manaus, Rio Branco, Cuiabá, Campo Grande, Porto Velho e Boa Vista nos negócios realizados nas praças do centro-sul do país e enorme descompasso no ritmo vertiginoso de progresso nas comunicações e nos transportes", discriminou Virgílio.

Ao defender a aprovação do projeto, Virgílio explicou que a hora legal brasileira foi estabelecida a partir de 1914, tendo como base a hora do meridiano de Greenwich. Na época, foi criado, no Brasil, um conjunto de quatro fusos horários, diminuídos de duas, três, quatro ou cinco horas em relação a Greenwich. Ao longo dos anos, as diferenças de horários foram sendo eliminadas, até que, em 2008, a Lei 11.662 eliminou parte do quarto fuso, mantendo somente estes seis estados com horários diferenciados em relação à Brasília.

Ao apresentar parecer favorável ao projeto, o relator, senador Gim Argello (PTB-DF), afirmou que os moradores desses seis estados com diferença de hora em relação à Brasília apoiam a proposta. "Todos os estados brasileiros afetados por essa diferença estão vibrando, pois este é um problema que os atinge diretamente", afirmou o senador pelo DF.

segunda-feira, 15 de junho de 2009

Imac faz operação em Sena Madureira

Por Edmilson Ferreira

O Instituto de Meio Ambiente do Acre (Imac) realiza operação para impedir o comércio de madeira sem a documentação de origem no município de Sena Madureira. Até esta sexta-feira, 12, quatro embarcações foram vistoriadas nos últimos dias pelos fiscais durante ação pelo rio Iaco, principal via de escoamento da madeira extraída nas colônias ribeirinhas

O setor madeireiro (serradores e moveleiros) está em fase de regularização com vistas ao projeto de implantação do Pólo de Moveleiro de Sena Madureira. Nesse contexto e como ação complementar, a presidente do Imac, Cleísa Cartaxo, reuniu-se com representantes do setor moveleiro daquele município para debater o cumprimento do Termo de Ajuste de Conduta firmado entre filiados da Associação das Micro e Pequenas Empresas de Moveleiros e Serradores de Madeira de Sena Madureira (Ampem-SM) e o Imac.

"O que foi acordado com o Imac será cumprido", garantiu o presidente da Ampem, Adenaldo Lima. Também participaram da reunião o presidente da Associação Comercial de Sena Madureira, José Roberto, e o vereador Adamor Pereira, ambos atuantes no ramo madeireiro.


Presidente do Imac, Cleísa Cartaxo, se reúne com representantes do setor moveleiro de Sena Madureira para debater o cumprimento do Termo de Ajuste de Conduta (Foto: Gleilson Miranda/Secom) A proposta do Governo é preparar as empresas para que possam ser incluídas no projeto do Pólo Moveleiro.

Atualmente, moveleiros e serradores não possuem todas as condições para receber o licenciamento ambiental por causa da localização das empresas, geralmente implantadas na beira no rio Iaco. "Também estamos monitorando a remoção de resíduos", informou Cleísa. O pó da madeira serrada forma montes nas margens do Iaco, o que degrada e coloca em risco o manancial.

A operação do Imac será ampliada nesta semana, quando outras ocorrências ambientais também devem ser fiscalizadas.

sábado, 13 de junho de 2009

Marcas milenares deixadas por índios no Acre podem ser vistas pela internet

Imagens de satélite em alta resolução mostram geoglifos.
Círculos, quadrados e octógonos gigantes feitos há pelo menos mil anos marcam o chão do Acre. Desde a década de 1970, quando foram descobertos, eles intrigam os arqueólogos, que ainda não conseguiram entender para que eram usadas essas estruturas, chamadas de geoglifos.
Os desenhos chegam a ter 100 metros de diâmetro, e sua borda é desenhada em grandes valas, de 12 metros de largura por quatro de profundidade. Por uma ironia, só se conseguiu descobrir esses desenhos por causa do desmatamento, que “limpou” grandes áreas, deixando evidentes as formas geométricas.
Quando o primeiro geoglifo foi descoberto, não se sabia que as valas formavam um desenho, e que havia tantos ali. Hoje, com a ajuda de aviões e imagens de satélite, já foram identificados cerca de 200. “Acho que já descobrimos em torno de 10%”, estima o cientista Alceu Ranzi, integrante da equipe que descobriu os geoglifos.
Com a chegada dos mapas virtuais, que utilizam imagens de satélite em alta resolução, os desenhos ficaram evidentes, e até os próprios cientistas puderam encontrar mais estruturas desse tipo. Veja, abaixo, alguns exemplos de como os desenhos milenares se espalham pelo chão do Acre:


Segundo Ranzi, ainda se sabe pouco sobre os geoglifos. Apenas um deles teve a idade investigada cientificamente, e descobriu-se que o desenho tinha 1250 anos. “Eles podem ser aldeias, plantações, centros cerimoniais...”, conjectura o cientista. Uma das poucas certezas dos arqueólogos é que o povo construtor dessas estruturas tinha força de trabalho e tecnologia para fazer grandes obras, além de dominar as formas geométricas.

“Nos geoglifos, há figuras compostas. Quando há um quadrado dentro de um círculo, ele é equidistante das paredes. Será que o conhecimento explode em regiões diferentes do mundo? Lá na Grécia e na Amazônia?”, questiona o pesquisador.
Turismo

A maior parte dos geoglifos descobertos está espalhada por pastos e plantações particulares. Segundo Ranzi, o Ministério Público do Acre está preparando uma resolução para que os agropecuaristas ajudem a proteger os desenhos, evitando criar gado ou passar tratores por cima das valas.

Para valorizar essas estruturas e estimular o turismo cultual, Ranzi sugere que sejam construídas algumas torres de observação na beira das estradas, onde as pessos pudessem subir e ver os desenhos de cima. “Há vários geoglifos que estão na beira do asfalto. Alguns são cortados bem no meio por estradas”, conta.

sexta-feira, 12 de junho de 2009

Estudo aponta que desenvolvimento baseado em desmatamento é passageiro

Artigo da edição desta sexta-feira (12) da revista "Science" compara 286 municípios da região amazônica em diferentes estágios de desmatamento e conclui que a prosperidade gerada pela destruição da floresta é temporária.

Em locais com alto índice de desmatamento há uma tendência a haver piores índices de IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), bem como de cada um de três seus componentes (taxa de alfabetização, expectativa de vida e renda per capita).

Os autores chamam o padrão encontrado de boom and bust (algo como “ascensão e queda”). Ele dividem os municípios em sete categorias diferentes, desde aqueles que ainda têm cobertura florestal de mais de 90% até os que possuem menos de 5% de floresta, e comparam seus indicadores sociais e econômicos.

Os municípios nas duas pontas desta escala (muito devastados e pouco devastados) apresentam números semelhantes. Aqueles no meio do caminho, com média devastação, apresentam indicadores melhores.

“Nossos resultados mostram que as pessoas em municípios que derrubaram suas florestas não estão melhores do que aquelas onde não (houve desmatamento)”, conclui o artigo.

O propósito do estudo, como explica um dos autores, Carlos Souza Jr., do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) é demonstrar com dados que o desmatamento não traz desenvolvimento econômico e social duradouro. O trabalho demorou dois anos para ser concluído.

Um dos principais motivos para este processo, aponta o cientista, é que a substituição da floresta por pecuária extensiva, por exemplo, diminui a oferta de empregos, empobrecendo a população.

Segundo Souza, os recursos da floresta, como madeira, água e o estoque de carbono que a mata representa, são um capital natural. “O consumo desse capital natural gera riqueza. Se o consumo não for sustentável, a riqueza vai durar pouco tempo”, diz.

Os autores optaram por comparar os municípios entre si para mostrar a evolução dos indicadores sociais e econômicos ao longo de diferentes estágios de desflorestamento porque não tinham dados históricos que permitissem fazer essa análise para cada local ao longo dos anos.

O texto ressalta que, ainda que haja um recuo nos indicadores após a passagem da frente de desmatamento, de uma forma geral, se analisado cada município, a Amazônia deve apresentar melhora no IDH na maioria dos muncípios nos últimos anos. Isso porque a região acompanha uma evolução que ocorre em todo o país ao longo do tempo. Isso não invalida, no entanto, a conclusão de que a devastação traz prosperidade apenas temporária à região onde ocorre.


Soluções

O artigo recomenda que, como forma de evitar empobrecimento e decadência, se invista na intensificação da pecuária onde já há pastos, e se coíbam novos desmatamentos. Sugere também o fomento à economia sustentável, como os manejos florestais (exploração planejada dos produtos da floresta, dando condições para que ela se recupere). Os cientistas alertam ainda para a necessidade de políticas para melhorar a saúde, a educação e a situação fundiária da população amazônica.

Outra forma de gerar riqueza seria o pagamento por serviços ambientais, como o sequestro de carbono. Atualmente discutem-se maneiras de países ou empresas pagarem pela conservação de florestas como forma de compensar a poluição por eles causada.

Além de Carlos Souza Jr., são autores do artigo da “Science” Adalberto Veríssimo, também do Imazon, Robert Ewers, do Imperial College de Londres, Andrew Balmford e Ana Rodrigues, da Universidade de Cambridge e Luke Parry, da University of East Anglia.

quinta-feira, 11 de junho de 2009

Friagem chega no Acre na noite do feriado

A previsão aponta mínima de 15ºC em Brasiléia


O feriado de Corpus Christi, nesta quinta-feira (11), trará temperaturas mais amenas para o Acre. Segundo a divisão de meteorologia do Sistema de Proteção da Amazônia (Sipam), a frente fria vinda do sul do continente, já atua hoje sobre o Mato Grosso do Sul e ruma em direção ao norte, chegando em terras acrianas a partir da noite de quinta-feira.

A chegada da massa polar traz nuvens que causarão chuvas fracas. As temperaturas mais baixas serão registradas nas madrugadas do fim de semana, tanto na sexta, quanto no sábado.
A intensidade desta frente fria se assemelha à última, ocorrida semana passada. A previsão indica mínimas de 15ºC na região de Brasiléia, 16ºC em Rio Branco, 18ºC em Cruzeiro do Sul e entre 17ºC e 19ºC nas demais áreas. A partir de domingo as temperaturas voltam a subir e a semana começa novamente quente na região. Mais friagens como essa ainda estão previstas para o estado até o mês de setembro.

Sipam e Sema convocam prefeituras acrianas para treinamento

Programa vai capacitar gestores com programa de software

Aprender a lidar com informações geográficas usando o computador e conhecer uma nova ferramenta para planejar ações municipais de educação, saúde, meio ambiente, entre outros. É essa oportunidade que o Sistema de Proteção da Amazônia (Sipam) e a Secretaria de Meio Ambiente do Acre (Sema) levam a partir desse mês às cidades acrianas, através de capacitação no programa (software) Terraview.
Utilizando o programa e o banco de dados do Sipam, os técnicos municipais terão em mapas digitais detalhes de seus municípios, como relevo, tipos de solo, cursos d'água, localização de assentamentos ou unidades de conservação. Também poderão inserir dados e, assim, ter fundamentação para elaborar projetos a fim de obter recursos e financiamentos, por exemplo.

Primeira etapa será no Alto Acre
A capacitação irá abranger os 22 municípios do Acre em três etapas, cada qual em uma região do estado. A primeira edição acontece em Epitaciolândia, na sede do Consórcio de Desenvolvimento Intermunicipal do Alto Acre e Capixaba (Condiac), de 15 a 19 de junho. Poderão se inscrever até duas pessoas indicadas pelas administrações municipais de Assis Brasil, Brasiléia, Epitaciolândia, Xapuri e Capixaba. O Condiac está localizado na rua Ana de Souza Lira, 104, 1º piso.

A próxima etapa está prevista para julho e atenderá os municípios do Baixo Acre e Sena Madureira e deve ocorrer em Rio Branco. Já em agosto, Cruzeiro do Sul sediará a atividade, com abrangência para os municípios do vale do Juruá.

Para garantir sua inscrição, as autoridades municipais devem entrar em contato com a Sema pelos telefones (68) 3224-7129 e (68) 3224-8786 ou enviar mensagem para o endereço conceicao.marques@ac.gov.br.

Pesquisador inventa tijolo feito de casca de coco e de castanha do Brasil

Material é mais resistente do que o tijolo comum.

Um novo tijolo inventado pelo Inpa (Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia) não utiliza barro em sua composição. No lugar da argila, são usados restos de casca de coco, de castanha do Brasil e de tucumã, que costumam ser descartados no processamento dessas frutas. Os blocos não precisam ser cozidos, evitando o uso de lenha.

Segundo o pesquisador Jadir Rocha, da área de recursos florestais do Inpa, o novo tijolo é mais resistente que o original, com a vantagem de oferecer mais proteção contra o calor amazônico. “Como as matérias-primas são de vegetais, proporcionam um ambiente muito agradável, faça chuva ou faça sol”, afirma.

quarta-feira, 10 de junho de 2009

Sipam prevê mais chuvas no Acre em junho; fenômeno vai retardar o verão


Ao contrário do esperado para o período, as chuvas ainda têm caído sobre o Acre nesse mês de junho, atrasando a chegada da estação seca. Segundo informações do boletim climático divulgado essa semana pelo Sistema de Proteção da Amazônia (Sipam), isso ocorre devido à Zona de Convergência Inter-Tropical (ZCIT), que continua sobre o litoral do Brasil. O fenômeno se mantém ativo devido às águas anomalamente mais quentes sobre o Oceano Atlântico Tropical (mar que banha todo o litoral do Nordeste e Norte do Brasil). Com o mar mais quente, mais vapor é liberado, fortalecendo assim o sistema e causando mais chuvas, mesmo em locais tão distantes da costa como o Acre.

Por isso, a previsão é que o clima só volte à normalidade a partir da segunda quinzena de junho, deixando as chuvas mais escassas. Assim, o verão amazônico seco e com temperaturas elevadas durante o dia e amenas durante a noite, típico dessa época, deve chegar a partir de julho, permanecendo então dentro dos padrões climatológicos.

Queda de temperatura

Quanto à temperatura, a previsão é que para o próximo trimestre (de junho a agosto), os termômetros fiquem um pouco abaixo da média no estado. São esperados fenômenos de friagem até meados de setembro.

terça-feira, 9 de junho de 2009

Fiscais apreendem mais de 550 metros cúbicos de madeira ilegal no Amazonas


Cerca de 280 toras de madeira que eram transportadas em um lago no município de Beruri (AM), a 170 quilômetros de Manaus, foram apreendidas por fiscais do Ibama e do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMbio), além de soldados da Polícia Militar do Estado.


A madeira estava sendo transportada com uma técnica em que toras são amarradas umas às outras de modo que as menos densas ajudem as mais pesadas a flutuar. O resultado é uma espécie de jangada que é conduzida ao longo dos rios com barcos.

Ao todo, as toras, que foram encontradas no dia 3, têm mais de 550 metros cúbicos de madeira, o suficiente para encher mais de 20 caminhões. Os responsáveis pelo transporte ilegal não foram encontrados. De acordo com o Ibama, é comum a fiscalização encontrar jangadas de madeira ilegal abandonadas.

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Ibama quer acabar com artesanato feito a partir de penas de araras


Segundo órgão ambiental, aves são mortas para a retirada de penas

O artesanato indígena feito de penas de araras, papagaios e gaviões está com os dias contados. O Ibama do Amazonas lançou, na última sexta-feira (5), uma campanha contra a compra de brincos, colares e cocares que levem penas de animais silvestres.

Segundo o órgão ambiental, o comércio desses objetos têm levado a uma matança de aves naturais da região. A campanha é voltada aos turistas que viajarão à Amazônia para assistir ao Festival Folclórico de Parintins, que será realizado no final de junho. Nessa época, são montadas barracas improvisadas para vender artesanato aos turistas.

O órgão ambiental informa que não são necessários animais silvestres para a confecção das peças artesanais. Podem ser utilizadas penas de animais domesticados, como pato, faisão ou pavão, ou mesmo penas artificiais, de plástico.

De acordo com o Ibama, as lojas da região já seguem essas instruções, e mesmo as fantasias utilizadas no festival de Parintins já não usam mais penas de animais silvestres como matéria-prima.

domingo, 7 de junho de 2009

Fogão a lenha gera eletricidade para moradores isolados na floresta

Invenção do governo do Acre permite uso de lâmpadas, TV e geladeira.


O Acre tem cerca de 25 mil famílias que vivem em regiões de difícil acesso. A ausência de rede elétrica acaba deixando essas pessoas ainda mais isoladas e sem confortos básicos, como televisão, rádio e geladeira. Pensando nisso, o inventor Ronaldo Sato desenvolveu um fogão a lenha capaz de produzir eletricidade.

Desenvolvido e produzido pelo governo do Acre, o aparelho tem tecnologia simples: uma máquina a vapor move um gerador que alimenta uma bateria. Com oito horas de fogo é possível gerar eletricidade para alimentar quatro lâmpadas econômicas e um televisor por quatro horas.

Segundo a Fundação de Tecnologia do Estado do Acre (Funtac), apesar de o sistema funcionar com vapor, o aparelho não é perigoso porque uma válvula se abre automaticamente sempre que necessário, aliviando a pressão.

O fogão funciona com qualquer tipo de biomassa – lenha, serragem, restos de madeira. Um novo projeto acoplou um freezer ao sistema diretamente, ou seja, a máquina a vapor gira o motor do refrigerador, sem ser necessária a geração de eletricidade.

O fogão-gerador custa R$ 5 mil. Como o preço é alto para o público a que se destina, o governo está doando o equipamento. Até agora foram produzidas 63 unidades, mas outras 300 devem ficar prontas até o fim do ano.

A expectativa da Funtac é que o fogão seja incluído no Programa Luz Para Todos do governo federal, o que permitiria que fosse produzido em escala, barateando seu preço.

sábado, 6 de junho de 2009

Estudantes da rede pública fazem passeata pelo uso racional da água


Alunos do ensino fundamental da escola estadual Luiza Batista no Conjunto Esperança realizaram na manhã deste sábado (6) uma passeata pelas principais ruas do bairro contra o desperdício de água. Com faixas e cartazes, as crianças tentavam conscientizar os moradores da necessidade do uso racional da água. A atividade serviu como avaliação para os estudantes.

A escola Luiza Batista é conhecida na rede pública por promover atividades que envolvam a comunidade e conquistou o segundo lugar no prêmio de Gestão Escolar concedido pela Secretaria de Educação em 2008.


sexta-feira, 5 de junho de 2009

Ibama libera licença definitiva para construção da hidrelétrica de Jirau (RO)

Os quinze dias em que as obras do empreendimento estiveram paradas o prejuízo para o Consórcio chegou a R$ 90 milhões


construção da usina de Jirau recomeçou ontem à noite, após o acordo de troca da Floresta Nacional do Bom Futuro pela Reserva Estadual Rio Vermelho realizado na terça feira (2/5), em Brasília, entre o governador Ivo Cassol, o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, e o presidente do Instituto Chico Mendes, Rômulo Fernandes.

De acordo com o contrato serão criados dois parques nacionais em Rondônia, um de 130 mil hectares e outro de 180 mil hectares próximos ao empreendimento. Já a Flona do Bom Futuro vai ser dividida em área estadual de proteção permanente e outra para assentar as famílias que vivem dentro da reserva ambiental e terá uso sustentável.

O governador conseguiu fechar ainda com a concessionária Energia Sustentável do Brasil (ESBR) um acordo compensatório de R$ 90 milhões. A Secretaria de Desenvolvimento Ambiental (Sedam) e o Ibama passaram a tarde de ontem trabalhando para conceder o documento e a licença para construção da Usina de Jirau com rapidez.

Os quinze dias em que as obras do empreendimento estiveram paradas o prejuízo para o Consórcio chegou a R$ 90 milhões, conforme as informações da Eletrobrás, que estipulou um prejuízo de R$ 6 milhões para cada dia de atraso da construção. Segundo o diretor de sustentabilidade da ESBR, José Lúcio Gomes, os trabalhos só não começaram à tarde por que faltava ter em mãos o documento e a licença do empreendimento. José Lúcio diz que todos os estudos de impactos ambientais foram entregues. “Os documentos estavam prontos, esperando ser aprovado apenas”, argumenta.

O diretor revela que o compromisso fechado com o governador Cassol foi de R$ 45 milhões, quanto à liberação dos outros R$ 45 milhões, o Ibama deverá analisar onde e em que serão investidos, completa. InvestimentosCom os recursos da compensação ambiental e social, o Governo do Estado pretende usar R$ 15 milhões na ampliação do sistema prisional, com a construção de um novo presídio e mais três pavilhões no presídio Ênio Pinheiro, criando mais 360 vagas; R$ 20 milhões serão aplicados na saúde e mais R$ 10 milhões na infraestrutura do Estado, novas escolas, asfaltamento e conservação das rodovias estaduais.

Cassol cobrou da prefeitura de Porto Velho que o uso dos recursos de compensação destinados ao município sejam utilizados na construção de um hospital na Capital e outro no distrito de Jaci-Paraná, para atender a população local e os trabalhadores da usina. “A prefeitura não faz a saúde básica, que é sua obrigação e acaba superlotando os hospitais estaduais”, critica ele.

A operação Terra Nova, que previa a retirada do gado e das pessoas da Flona do Bom Futuro, continua em andamento, sem ser afetada em nada com o acordo feito em Brasília, segundo, o coordenador da operação, George Porto Ferreira, do Ibama. O coordenador disse que a operação é realizada para cumprir uma ordem judicial. “Só paramos caso outra decisão judicial revoge a sentença”, completa.

De acordo com George Porto, a paralisação da operação depende também de uma decisão do Congresso Nacional e da Assembléia Legislativa do Estado. “E se isso for acontecer, pode demorar no mínimo uns dois anos”, finaliza.RevoltaO acordo que permuta unidades de conservação é considerado ilegal pela coordenadora de projetos da Organização Não Governamental (Ong) Kanindé, Ivaneide Bandeira. “A lei do SNUC (Sistema Nacional de Unidades de Conservação) proíbe qualquer troca ou mudança de categoria nas unidades”, diz.

Ivaneide Bandeira avisa que a ONG vai entrar com uma representação no Ministério Público contra o acordo realizado entre o Governo do Estado e Ministério do Meio Ambiente e Instituto Chico Mendes. “É muito grave quando os governos descumprem a lei e vão contra os direitos dos cidadãos”, afirma. A coordenadora acredita que a partir de agora deve haver um aumento de invasões de terras públicas. “Os governos estão dando um atestado para os grileiros invadirem outras unidades de conservação, pois sempre estarão amparados para cometer os crimes ambientais”, reclama.

Para o geógrafo da ONG Rio Terra, Alexis Bastos, os governos estão abrindo precedente para ocupação de outras reservas ambientais. “Cada vez mais mostram que não existe respeito com meio ambiente, este caso enfraquece todo um trabalho de preservação e conservação do patrimônio natural” diz ele preocupado. Bastos afirma que vai convocar uma reunião com o Grupo de Trabalho Amazônico (GTA) que tem a participação de 602 entidades não governamentais para discutir o acordo da troca de unidades de conservação feita pelos governos. “Vamos tentar reverter à situação, é complicado, mas temos que buscar o respeito às leis do ambiente”, completa.

Audiência pública discute licença ambiental para conclusão da BR-317

A audiência aconteceu na quarta-feira (3) em Boca do Acre (AM)


A BR-317, a estrada que liga o Brasil ao pacífico, também é a única via de acesso para se chegar ao município amazonense de Boca do Acre. De um total de duzentos e vinte quilômetros, cento e dez correspondente ao trecho acriano da rodovia, está completamente pavimentado e sinalizado. Uma obra inaugurada pelo governador Binho Marques em 2007.

Mas o desafio começa na divisa entre os estados. A estrada se transforma numa trilha cheia de lama e buraco. Quem mais sofre são os taxistas que precisam fazer o percurso diariamente. Os caminhoneiros também são vitimas das más condições da Br-317 no lado amazonense. Seu José Osmar disse que chega a gastar até doze horas de viagem para concluir o trecho entre Boca do Acre e Rio Branco. Os prejuízos com a manutenção também são constantes.

Mas as esperanças dos moradores de Boca do Acre se renovam com a instalação do acampamento da construtora Colorado, empresa vencedora da licitação para a execução da obra. São máquinas pesadas e caminhões parados a espera do sinal verde para dar início aos trabalhos.
Um dos empecilhos para a construção da estrada é que um trecho de 20 km da BR-317 passa dentro da reserva dos índios Apurinã. Os líderes indígenas já declararam que querem alguma compensação para a pavimentação do trecho.


BR-317 do lado acreano

Para discutir questões como esta, na última quarta-feira (3) à noite foi realizada uma audiência pública em Boca do Acre (AM). O ginásio da cidade foi tomado pelos moradores que com faixas e cartazes exigiam o início das obras de pavimentação da Br-364. Representantes do Ibama, DENIT e autoridades do Amazonas participaram da audiência, que procurou esclarecer os pontos positivos e negativos da obra.

Luiz Carlos Apurinã veio representando os índios da reserva. Ele disse que o povo Apurinã apóia a pavimentação da rodovia desde que o governo federal conceda alguns benefícios à comunidade indígena como construção de escolas e demarcação do território.


O coordenador de licenciamento do Ibama, Eugênio Costa, que presidiu a audiência pública, acredita que dentro de pouco tempo será liberada uma licença provisória para o início dos trabalhos e posteriormente a licença definitiva.



A estrada passa dentro da reserva dos índios Apurinã

terça-feira, 2 de junho de 2009

Sipam anuncia redução de 70% no índice de desmatamento no território acreano


O gerente regional do Sistema de Proteção da Amazônia (Sipam), José Neumar Silveira, disse durante a abertura do Acre Ambiental (evento que discute ações de meio ambiente no Estado), no Horto Florestal em Rio Branco, que no período entre 2007 e 2008 o Acre conseguiu reduzir em 70% o desmatamento em áreas de preservação permanente como as reservas ambientais.

- Isso é resultado das ações de fiscalização das autoridades federal e estadual. Além da eficiência do Programa de Monitoramento de Áreas Específicas desenvolvido pelo Sipam -, declarou Neumar Silveira.

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Fazendeiros invadem terras indígenas na Amazônia para expansão da pecuária


A terra indígena dos Apyretewas, no Pará, está sendo comida pelas bordas. O território de 7.700 km² tem cerca de 1.200 invasões de pessoas que derrubam a mata para criar gado, segundo a Funai.

A reserva fica nos municípios de Altamira e São Félix do Xingu. O grupo que vive na área depende da caça, e eles têm sentido uma diminuição significativa no número de animais na região. Isso vem comprometendo a própria alimentação e a subsistência dos indígenas.

Pasto no lugar de floresta
Em outra região, nas proximidades de Marabá (PA), o desmatamento não ocorre em reservas indígenas, mas denúncias informam que pecuaristas transformaram a floresta em grandes fazendas de gado.

De avião, a paisagem que se vê embaixo é de grama, não de mata. A dona da área é a Agropecuária Santa Bárbara, que tem hoje 560 mil animais. A empresa já foi multada em mais de R$ 100 milhões por crime ambiental. A Espírito Santo é uma das sete fazendas da Santa Bárbara que foram embargadas pelo Ibama, o que impediria qualquer tipo de atividade produtiva. Da porteira até a sede são 22 km. Lá, cria-se mais de 70 mil cabeças de gado, e pelo tamanho dos pastos não dá nem para imaginar que a região faz parte da Floresta Amazônica.

O embargo do Ibama é para proteger a floresta. Como a área foi desmatada, o gado impede a vegetação natural de crescer novamente. O advogado da agropecuária, Vinícius Ribeiro, diz que já recorreu das multas. “Se há crime de desmatamento, esse foi cometido por quem praticou o crime. Pode ter sido quem vendeu [a terra] para a Santa Bárbara, pode ter sido o seu antecessor. O que caberá ao proprietário, se for a Santa Bárbara, será recompor essas áreas de reserva legal e de área de preservação permanente”, alega.

Bois ilegais
No Pará, 21 fazendas embargadas têm rebanhos de gado. Elas vendem para 13 frigoríficos e curtumes da região. Os dados são do Ministério Público Federal, que entrou com uma ação judicial contra quem cria e quem compra o boi de áreas ilegais. “A partir do momento que o frigorífico compra gado de um lugar que é embargado, o frigorífico é responsável solidário por aquele dano ambiental”, explica procurador da República Daniel Cesar Avelino.

Os procuradores também cruzaram dados e chegaram a uma relação de 72 empresas que compram desses frigoríficos - entre elas grandes redes de supermercados. “Estamos enviando a elas uma recomendação para que elas deixem de comprar desses frigoríficos, ou seja, deixem de participar dessa cadeia produtiva que acaba gerando dano para a floresta amazônica”, afirma o procurador Avelino.

Fora do Brasil
A carne e o couro do boi criado em áreas desmatadas também abastece o mercado externo. O Greenpeace rastreou durante três anos o caminho desses produtos e descobriu: a carne chega a grandes redes de supermercados misturada àquela que é produzida em áreas regulares.O couro é beneficiado na Ásia, na Europa e na América do Norte. Vira calçados, tênis, roupas, mochilas e assentos de automóveis mundo afora.

Nesta segunda-feira (1°) o Greenpeace lançou uma campanha mundial para alertar sobre o avanço da pecuária ilegal na Amazônia. A Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes diz que uma das grandes preocupações do setor é a preservação, mas que é difícil descobrir a origem do produto. “Nós não desejamos que o desmatamento ilegal seja ocupado pela atividade de criação de gado. Agora, o problema é que não há como rastrear.

Nós estamos implantando hoje no Brasil a rastreabilidade sanitária, e paralelamente estamos fazendo a rastreabilidade ambiental, mas isso demora tempo”, declara Roberto Gianetti da Fonseca, presidente da associação. O Ministério do Meio Ambiente afirma que o governo está fiscalizando todas as fazendas embargadas e que vai restringir o crédito aos frigoríficos que compram dessas regiões.

"Nós falamos para o BNDES, que vai proceder empréstimos milionários para frigoríficos, para consultar previamente o Ibama, porque estão desmatando, entrando dentro de área indígena, de áreas de reserva. Esses não terão o crédito concedido", afirma o ministro do meio Ambiente, Carlos Minc.