quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Especialista da ANP defende exploração de gás e petróleo no Acre

Por Tatiana Campos (Agência de Notícias do Acre)
A licitação para exploração de petróleo e gás no Acre vai respeitar as áreas de proteção ambiental (Foto: Arison Jardim/Secom)
A licitação para exploração de petróleo e gás no Acre vai respeitar as áreas de proteção ambiental (Foto: Arison Jardim/Secom)
O Acre não tem pedra, mas pode ter petróleo! É o que indicam os levantamentos feitos até agora pela Agência Nacional do Petróleo (ANP), em parceria com o governo do estado. E os interessados em explorar essa nova atividade econômica devem ficar de olho na licitação que será aberta em novembro. Quem resolver investir pode ter o retorno financeiro a partir de seis meses.
As perfurações dos poços devem ser iniciadas dois anos após o término da licitação, que será realizada em novembro. Nesta primeira fase ainda há um risco, mas a expectativa é a melhor possível. “Estou extremamente otimista em relação ao Acre. O governador nos ajudou a implantar esse processo em 2006/2007 e a ANP já gastou mais de R$ 100 milhões em levantamentos de física, sísmica, geoquímica e todos os números indicam que o Acre tem óleo. E mais uma vantagem: o Acre é vizinho do Peru, que é um local que tem muito óleo”, disse Newton Reis, um dos maiores especialistas em petróleo no país, com 38 anos de experiência. Newton palestrou na manhã desta sexta-feira, 13, no auditório da Federação das Indústrias (Fieac) e tirou dúvidas de empresários e possíveis investidores na área.
Todos os estudos indicam a presença de petróleo nesta região e nós estamos muito otimistas. Isso é um novo tempo na economia do Acre, muitos empregos podem ser gerados
Governador Tião Viana
O governador Tião Viana é um entusiasta desta possibilidade e há anos tem dedicado esforços para viabilizar a possibilidade da exploração de petróleo no Acre. Em 1999 Tião Viana, então senador, destinou R$ 5 milhões em emendas para o Plano Plurianual para iniciar os investimentos em pesquisa na área. Hoje os investimentos já passaram de R$ 100 milhões – empregados no levantamento aerogravimétrico, geoquímico, sísmico, incluindo sísmica 3D.
“Todos os estudos indicam a presença de petróleo nesta região e nós estamos muito otimistas. Isso é um novo tempo na economia do Acre, muitos empregos podem ser gerados. Vejam que apenas na fase inicial dos estudos a empresa de sísmica instalada em Cruzeiro do Sul tinha 700 trabalhadores contratados. E o que precisa ser destacado é que o retorno dos investimentos pode começar em seis meses após a perfuração”, disse o governador Tião Viana.
Todos os ventos parecem soprar a favor do Acre. O estado é dez mil quilômetros maior que uma área na Bahia em que a ANP identificou 90 campos de petróleo. Também há a possibilidade de haver campos não identificados no Peru. O Acre tem uma bacia sedimentar de 100 mil quilômetros quadrados e nenhum poço perfurado. A bacia peruana tem a metade do tamanho da bacia do Acre e dezenas de poços perfurados. E o doutor Newton levanta um questionamento: “Se a bacia do Peru, que é ao lado do Acre, tem petróleo, será que não tem petróleo na bacia do Acre? Todos os estudos realizados até agora dizem que sim”.
A bacia acreana abrange os municípios de Cruzeiro do Sul, Mâncio Lima, Porto Walter e Rodrigues Alves, no Acre, além de Guajará e Ipixuna, no Amazonas.
“São muitas as possibilidades que estão se abrindo com a garantia de que no dia 30 de novembro teremos licitação para a definição das empresas que vão perfurar para dimensionar a viabilidade da exploração de gás no Vale do Juruá. É uma forma de deixarmos de ser um importador de energias poluentes para exportar energia de gás, que é uma energia limpa. Isso tudo sem nenhuma ameaça para o meio ambiente porque o nosso cuidado é com o desenvolvimento sustentável”, disse o senador Aníbal Diniz, que também defende a atividade.
Oportunidade para o pequeno e médio empresário
Se viabilizar a exploração no Acre há a possibilidade de se pensar na instalação de uma pequena refinaria de diesel ou geração termoelétrica a partir do gás natural (Foto: Arison Jardim/Secom)
Se viabilizar a exploração no Acre há a possibilidade de se pensar na instalação de uma pequena refinaria de diesel ou geração termoelétrica a partir do gás natural (Foto: Arison Jardim/Secom)
Uma das dicas que Newton deixou para as pessoas que desejam investir na área é: procurem ter conhecimento sobre o assunto. “A fase inicial é uma fase que tem algum risco e a gente tem que trabalhar, talvez, de forma associada com alguma empresa de petróleo, a própria Petrobrás faz isso, e a partir da descoberta o empresário local pode fazer de forma direta porque o risco é bem menor. Se não quiserem propor associação com a Petrobrás podem procurar uma empresa menor, argentina ou peruana, por exemplo, que já estão instaladas no Peru, aqui ao lado”, disse Newton.
Se a bacia do Peru, que é ao lado do Acre, tem petróleo, será que não tem petróleo na bacia do Acre? Todos os estudos realizados até agora dizem que sim
Newton Reis
O governador Tião Viana estimulou a participação de pequenos e médios empresários no negócio. “Há um enorme potencial também para os pequenos e médios empresários participarem da atividade econômica do gás e do petróleo e em nada isso compromete o nosso respeito ao meio ambiente. Em mil metros quadrados podemos fazer dez perfurações de poços e um poço suja bem menos que um posto de lavagem de carro”, incentivou.
Carlos Sasai, presidente da Fieac, disse que o petróleo é um sonho que tem se tornado realidade. “Representa o esforço do governador, que já vem empreendendo esse ideal há algum tempo. É importante a participação dos empresários, pois esse é um grande potencial econômico e de desenvolvimento para o nosso estado. Milhares de empregos podem ser gerados a partir desta atividade”, disse.
A atividade de exploração de gás e petróleo tem duas fases principais. A primeira é exploratória, com risco e sem receita. Os estudos mostram que há possibilidade de petróleo e gás, mas não quer dizer o poço será perfurado no lugar adequado. Este é o risco. A segunda fase é a desenvolvimento e produção e já passa a oferecer lucro. A exploração do petróleo oferece um retorno de 35%, considerado altíssimo se comparado a outra atividades.

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