Cientistas americanos e britânicos relatam a primeira evidência
conclusiva de que os furacões no Ártico, conhecidos como "baixas
polares", exercem um papel importante sobre o clima e a circulação da
água nesse oceano.
A descoberta foi possível graças à criação do primeiro modelo de alta
resolução para estudar os efeitos climáticos causados por esse fenômeno.
Os resultados dos pesquisadores da Universidade de Massachusetts em
Amherst, nos EUA, e da Universidade de Anglia do Leste, no Reino Unido,
estão descritos na edição deste domingo (16) da revista "Nature
Geoscience".
Esses furacões apresentam um "olho" central de baixa pressão e podem
provocar fortes ventos e ondas de quase 11 metros de altura, capazes de
afundar pequenos navios e cobrir plataformas com um gelo espesso,
ameaçando a exploração de petróleo e gás na região.
Tempestade
polar gera ventos com força de furação sobre o Atlântico Norte, mas têm
tamanho pequeno, razão pela qual fica de fora de mapas (Foto: Courtesy
of NEODAAS Dundee Satellite Receiving Station)
Segundo os autores, o modelo analisou a força dos ventos dessas
tempestades e aponta para condições climáticas potencialmente mais frias
na Europa e na América do Norte neste século do que outros trabalhos já
previram.
O geocientista americano Alan Condron e o colega britânico Ian Renfrew
explicam que, todos os anos, milhares de ciclones como esses ocorrem nas
áreas polares do Atlântico Norte, mas nenhum modelo moderno havia
conseguido simular isso, o que tornava difícil verificar, de forma
confiável, as alterações na Europa e na América do Norte nas próximas
duas décadas.
"Antes de as baixas polares serem vistas pela primeira vez por
satélites, marinheiros frequentemente voltavam do Ártico com histórias
de encontros com tempestades violentas que pareciam surgir do nada. Por
causa do pequeno tamanho delas, muitas vezes ficavam de fora dos mapas
meteorológicos", diz Condron, que atua na área de oceanografia física.
Os cientistas explicam que, ao retirar calor do oceano, as baixas
polares favorecem que a água mais fria e densa do Atlântico Norte
afunde, o que impulsiona uma circulação oceânica chamada termoalina, que
transporta o calor para Europa e a América do Norte.
A descoberta também contradiz o que modelos climáticos antigos
indicavam: que o calor se movia do norte em direção aos polos. Outras
pesquisas têm apontado ainda que o número de baixas polares deve
diminuir em um período de 20 a 50 anos.
"Se isso for verdade, poderemos ver um enfraquecimento da circulação
termoalina, que pode ser capaz de compensar parte do aquecimento
previsto para a Europa e a América do Norte em um futuro próximo", diz
Condron.
Fonte G1
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