Os cientistas especializados em clima estão mais certos do que nunca de
que os humanos são responsáveis pelo aquecimento global, pela elevação
dos níveis das marés e pelos casos de clima extremo, de acordo com um
relatório preliminar feito por um painel de especialistas.
O documento preliminar, que foi vazado na internet e ainda pode ser
modificado antes da divulgação da versão final, em 2013, mostrou que o
aumento nas temperaturas médias globais desde a era pré-industrial deve
exceder os 2ºC até 2100, e pode chegar a 4,8ºC.
"É extremamente provável que as atividades humanas tenham causado mais
da metade do aumento observado na média global das temperaturas da
superfície desde os anos 1950", diz o relatório preliminar do Painel
Intergovernamental sobre Mudança do Clima (IPCC).
Na linguagem usada pelo IPCC, "extremamente provável" significa um
nível de certeza de ao menos 95%. O nível seguinte é "praticamente
certo", ou 99%, a maior certeza possível para os cientistas.
O relatório anterior do IPCC, de 2007, informou que havia uma certeza
de ao menos 90% de que as atividades humanas, principalmente a queima
dos combustíveis fósseis, eram a causa do aumento das temperaturas. O
documento preliminar apareceu em um blog cético à mudança climática.
O IPCC informou que o post prematuro e não autorizado com o documento
poderá provocar confusão, porque o relatório ainda estava sendo feito e
provavelmente mudaria antes de sua divulgação.
Uma conferência da Organização das Nações Unidas (ONU) na semana
passada, destinada a reduzir as emissões de gases de efeito estufa, não
produziu avanço signicficativo. Três países - Canadá, Rússia e Japão -
abandonaram o Protocolo de Kyoto e seus limites às emissões.
Degelo da calota polar na Groenlândia (Foto: Divulgação/Ian Joughin/Science)
Os EUA nunca ratificaram o pacto. O Protocolo também exclui os países
em desenvolvimento, onde as emissões aumentam com maior rapidez.
Um grupo de países concordou em estender o Protocolo de Kyoto até 2020,
mas o conjunto é responsável por menos de 15% das emissões mundiais de
gases-estufa. As nações em desenvolvimento afirmaram que pressionarão,
no ano que vem, por um mecanismo radical da ONU que os compense pelo
impacto da mudança climática.
O IPCC afirmou ter um alto grau de confiança de que a atividade humana
tenha causado as mudanças em larga escala nos oceanos, nas placas de
gelo ou nas geleiras das montanhas e nos níveis dos oceanos na segunda
metade do século 20, de acordo com o relatório preliminar. O documento
afirma que os casos de clima extremo também mudaram em razão da
influência humana.
Ameaça às cidades
O relatório prevê cenários com um aumento nas temperaturas entre 0,2 e 4,8ºC neste século - uma faixa mais estreita do que em 2007. Mas, em quase todos os cenários, o aumento seria maior do que 2ºC.
O relatório prevê cenários com um aumento nas temperaturas entre 0,2 e 4,8ºC neste século - uma faixa mais estreita do que em 2007. Mas, em quase todos os cenários, o aumento seria maior do que 2ºC.
Em 2010, governos de vários países prometeram tentar conter o aumento
global de temperaturas em mais de 2ºC, considerado pelos cientistas o
limite máximo a fim de evitar mais climas extremos, secas, inundações e
outros impactos da mudança climática.
As concentrações de dióxido de carbono na atmosfera eram as mais altas
em 800 mil anos, segundo o relatório preliminar. O documento também
afirma que os níveis dos oceanos devem subir para entre 29 e 82
centímetros até o fim do século - em comparação com os 18 a 59
centímetros projetados no relatório de 2007.
O aumento no nível dos oceanos pode ameaçar os habitantes de áreas de
baixa altitude, de Bangladesh às cidades de Nova York, Londres e Buenos
Aires. O fenômeno aumenta o risco de ondas de tempestades, erosão na
costa e, no pior dos casos, a inundação completa de grandes áreas de
território.
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