É possível que seres humanos e onças pintadas consigam compartilhar em paz o mesmo ambiente? O livro “Guia de convivência gente e onças”, lançado recentemente pela Fundação Ecológica Cristalino, de Mato Grosso, diz que sim. Focando pecuaristas do Pantanal e da Amazônia, a publicação dá dicas de como proteger o gado dos ataques do felino e lista uma série de motivos para que não se matem as onças pintadas.
Segundo o biólogo Sílvio Marchini, autor do livro, o desaparecimento do animal não se deve apenas à perda de seu ambiente natural, mas também a uma cultura de matar onças. “No Pantanal, por exemplo, caçar onça é uma tradição. Eles encaram isso como parte da identidade pantaneira”, afirma. “Por outro lado, na fronteira agrícola [onde começa a floresta amazônica] há uma população que veio de locais onde não existem mais onças, ou nem mesmo florestas, que muitas vezes são vistas como um obstáculo a ser vencido.”
Para muitos fazendeiros, a onça é encarada como um prejuízo à sua atividade econômica. De acordo com Marchini, nos locais onde o animal ainda é comum, os ataques do felino são responsáveis pela perda de 1 a 2% do rebanho todo ano. Por causa disso, seu livro tem uma seção especial explicando como os fazendeiros podem proteger seus bois do animal sem matá-lo.
Uma das dicas é não caçar as presas naturais das onças, como veados e porcos-do-mato. Outra recomendação é manter os bezerros e as vacas prenhes perto da sede da fazenda, evitando que eles fiquem próximos às áreas preferidas pelas onças.
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