quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

BR-317: de Rio Branco a Boca do Acre




A BR-317, que liga o Acre à estrada Transoceânica, no Peru, também serve de corredor para os portos do rio Purus, no Amazonas. Do lado acreano, a rodovia foi toda pavimentada pelo governo do Acre. Mas, os 110 quilômetros restantes, até o município amazonense de Boca do Acre, estão em precárias condições. No entanto, o ministério dos transportes anunciou que pretende pavimentar 2009 um trecho de 50 quilômetros da rodovia.

Durante reportagem produzida pela minha equipe para a TV Aldeia, pude conferir que o trecho acreano da BR 317, pavimentado em janeiro do ano passado, continua em excelente estado. Uma obra importante para o Acre porque é pela estrada que passa boa parte da produção agrícola que abastece Rio Branco. Seu Sebastião Ferreira, 67, investe na produção de milho. Morador da região há 27 anos, o agricultor ainda se recorda das dificuldades para conseguir escoar a produção antes da chegada do asfalto.

Mas é também na BR-317 que estão localizadas às gigantescas figuras geométricas chamadas geoglifos. Sítios, arqueológicos descobertos na Amazônia há mais de mil anos.

Somente no Acre e no Peru é possível encontrar as figuras misteriosas, que até o momento os pesquisadores não conseguiram descobrir a verdadeira origem.

Na divisa entre os estados termina o trecho asfaltado da rodovia. Do lado acreano, 90 km está pavimentado e sinalizado. Mas é no lado amazonense da BR-317 que começam as dificuldades para os motoristas. Aqui um trecho de 110 km até Boca do Acre está em péssimas condições.

Problema para quem depende da estrada para tirar o sustento. Seu Natalício trabalha num frigorífico. Ele usa a rodovia para transportar carne bovina duas vezes por semana. O motorista conta que devido às más condições de tráfego, uma viagem que poderia ser realizada em 2 horas pode demorar até um dia inteiro.

Quem decide se aventurar de ônibus, o risco pode ser ainda maior. em alguns trechos, a estrada é substituída por lama e buracos. O motorista Antônio Silva disse que a empresa contabiliza os prejuízos com a manutenção periódica do veículo.

Um trecho de aproximadamente 40 km, ao longo da BR-317, pertence à reserva indígena dos índios Apurinã, que já realizaram manifestações contrárias ao projeto da rodovia.

230 km depois que saímos de Rio Branco chegamos à cidade de Boca do Acre, no sul do Amazonas. Lugar onde a foz do Rio Acre se encontra com o Purus. A base da economia do município é a pecuária, onde concentra o segundo maior rebanho bovino do Estado do Amazonas, com 500 mil cabeças. À pesca é outra atividade bastante rentável. Do rio Purus, os pescadores trazem, todos os dias, para o mercado municipal, peixe em grande quantidade que abastece os mercados de Rio Branco. A população de 30 mil habitantes vê com expectativa a conclusão das obras da BR-317.

O comerciante Melquizedeque afirma que praticamente 100% de toda mercadoria de seu supermercado é importada de Rio Branco. Ele acredita que com a conclusão da rodovia, o preço do frete vai cair.

A prefeita de Boca do Acre, Maria das Dores de Oliveira, a Dorinha, do PR, que tomou posse em primeiro de janeiro, disse que teve uma audiência recente, em Brasília, com o ministro dos transportes. O assunto discutido foi à liberação da verba de cerca de 100 milhões de reais para o inicio da pavimentação de um trecho de 50 quilômetros da BR 317 até o fim de 2009.

2 comentários:

Anônimo disse...

1º os indios apurina nunca foram contra as manifestação eram para reividicações e uma delas era a pavimentação da estrada ok
2º ela foi construída a 40 anos.
breve histórico.
A história da rodovia é longa, marcada pela luta dos trabalhadores e de uns poucos políticos compromissados com os mais pobres. Em 1955, dizem jornais da época, Francisco d´Oliveira Conde anuncia o início da estrada que ligará Rio Branco a Boca do Acre.

É possível deduzir que Oliveira Conde buscava diminuir problemas na ultrapassagem de uma cachoeira na localidade de Extreminha, no rio Acre. A estrada se apresentava como uma alternativa à travessia pelo rio durante a seca.

Em 1959, Manoel Fontenele, que abriu cerca de 40 quilômetros da estrada, viu a chegada de muitas famílias à região com o advento da estrada. Em 1960, Manoel realizou uma viagem no jipe à Boca do Acre. Ele foi com seu irmão José Fontenele e com o capitão Dário D´Anzicourt.
A BR-317 corta uma região de ambiente bastante alterado, com vastas áreas degradadas ou subutilizadas e foi incluída no âmbito de uma Zona Especial de Desenvolvimento (ZED).

Anônimo disse...

Eu li todas as reportagens, eu ainda nao conhecia este blog, achei mara, muito bom, muito bom mesmo, me ajudou um bucado no trabalho que estou fazendo para a facu.
Parabéns
Patrícia Cardoso