Criada há 18 anos para manter a mata em pé e ajudar a população que vivia dos produtos da floresta, a reserva Extrativista Chico Mendes, no Acre, tem perdido grandes áreas de floresta para a abertura de pastos para a criação de gado.
Segundo o Ibama, já são mais de 10 mil animais vivendo dentro da área protegida. Para abrigar tantos bois, o desmatamento dentro da reserva já atinge 450 quilômetros quadrados – cerca de um terço do município de São Paulo. Uma operação do Ibama iniciada esta semana tenta combater a criação ilegal de gado dentro da floresta.
As regras estipulam que os moradores podem usar até 15 hectares para pasto, mas a área aberta tem ultrapassado esse limite, e pecuaristas de fora da reserva tem alugado terras reservadas para as famílias tradicionais. “Embora uma família não tenha grande patrimônio, eles mesmos admitem que foram desmatando ao longo dos últimos anos para alugar a pastagem para outros pecuaristas de dentro da reserva”, explicou o superintendente do Ibama no Acre, Anselmo Forneck.
O criador José Xavier dos Santos, por exemplo, é morador da reserva há mais de 20 anos e é responsável pela criação de mais de 400 cabeças de gado em uma área que ultrapassa os mil hectares de floresta derrubada. “Nunca teve esse limite para nós. Então, o limite o que coubesse dentro do desmatamento, a gente usava.”, afirma.
Segundo o superintendente do Ibama, a única opção que resta ao Santos é a expulsão da reserva. “Vai ser retirado. Esperamos que ele saia por um acordo, que não precise sair na força”, declara Anselmo Forneck. Já Jorge Pontes cria 80 bois e ainda arrenda um pedaço da terra para manter 214 cabeças de gado do vizinho. Pelo desmatamento ilegal de 200 hectares ele vai ter que pagar uma multa de R$ 1 milhão. O ex-seringueiro tenta se justificar. “A extração de castanha e de borracha dá muito menos do que o gado. Se você vai cortar seringueiras, você vai cortar 10 dias para ganhar 300 e poucos reais. Um bezerro você vende por R$ 350,0o", afirma.
A operação continua nos próximos 15 dias. O alvo do Ibama é voltado para mais 28 grandes pecuaristas que derrubam a floresta Amazônica em troca de pasto para o gado. Ao todo, a reserva Chico Mendes tem cerca de um milhão de hectares. Perto de mil famílias tem autorização para morar no local.
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