O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) divulgou nesta quarta-feira (18) o relatório de seu sistema de monitoramento de desmatamento em tempo real da Amazônia Legal (Deter) para março e abril, confirmando uma disparada da devastação em Mato Grosso.
Ao todo, o estado teve 480,3 km² dos 593,0 km² de desmatamento detectados no período na região, o que equivale a 80%. Somente em abril, foram detectados 405,5 km² de polígonos de devastação em território mato-grossense.
No mesmo bimestre do ano passado, o instituto espacial registrou 103,6 km² de derrubadas na Amazônia Legal. Portanto, o incremento foi de 572% em 2011, embora esse tipo de comparação não possa ser feita de forma exata, já que o Inpe faz a ressalva de que seu sistema não é voltado à aferição precisa de áreas, mas mais focado na emissão de alertas para que as autoridades ambientais possam verificar focos de derrubada de mata em terra.
Para dar uma referência, a área total desmatada detectada em março e abril para a Amazônia Legal equivale a 370 vezes o Parque Ibirapuera, em São Paulo, ou 1,4 vez a Ilha de Santa Catarina, onde se localiza Florianópolis.
Área atingida por queimada no Mato Grosso, estado que mais desmatou em março e abril (Foto: Ibama)
VisibilidadeA alta extrema em abril em Mato Grosso se deve, em parte, à boa visibilidade alcançada pelas imagens de satélite naquele mês, quando a cobertura de nuvens ficou abaixo dos 10%. As condições densamente nubladas da Amazônia impedem que os técnicos do Inpe chequem o desmatamento desde o espaço durante boa parte do ano.
O Pará, em março e abril, por exemplo, não chegou a ter menos de 75% de cobertura de nuvens, o que significa que pelo menos três quartos de seu território não puderam ser verificados no período.
Situação grave
A gravidade da situação em Mato Grosso já era de conhecimento do Ibama, órgão ligado ao Ministério do Meio Ambiente e responsável pela fiscalização. O instituto recentemente dobrou o número de fiscais no estado, subindo para 520 o efetivo total na Amazônia Legal, como informou ao Globo Natureza seu diretor de Proteção Ambiental, Luciano Evaristo.
O diretor considera que uma alta do desmatamento está ocorrendo porque no ano passado a devastação foi relativamente baixa e há uma demanda reprimida por novas áreas agricultáveis, em especial com os altos preços das commodities no mercado internacional. Ele promete autuar os desmatadores ilegais “um por um”.
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