Com uma população de pouco mais de quase 80 mil habitantes, a cidade de Cruzeiro do Sul que cresceu sem planejamento, hoje sofre com a poluição de um dos rios mais exuberantes da Amazônia Brasileira, o Rio Juruá. Sem estação para tratamento de esgoto, o Rio Juruá está se tornando um verdadeiro depósito de todo o esgoto gerado na cidade.
O perímetro urbano de Cruzeiro do Sul é banhado por três bacias hidrográficas, Igarapé São Salvador, Igarapé Boulevard e Igarapé Tiro ao Alvo, os três mananciais recebem 90% do esgoto doméstico e industrial da cidade, que tem como desfecho final o Rio Juruá.
Apesar de receber grande parte do esgoto do município, o Igarapé São Salvador é a fonte onde o estado capta a água que é distribuída para toda cidade. Muitos consumidores reclamam da qualidade do líquido. A dona de casa, Raimunda Ferreira da Silva, comenta que a água do DEPASA tem uma cor amarelada e sempre deixa sujeira no fundo dos recipientes utilizados por ela para armazenar o líquido.
A direção do DEPASA garante que a água é de boa qualidade e recebe todo um tratamento com produtos químicos para ser distribuída aos consumidores e a sujeira seria por causa do sulfato de alumínio utilizado no tratamento.
A coordenação da Secretaria de Meio Ambiente de Cruzeiro do Sul, informou que até agora não foi apresentado nenhum projeto por parte do executivo para trabalhar o tratamento do esgoto. O que a Secretaria está fazendo, segundo os técnicos é orientando os moradores a construírem fossas cépticas e sumidouros, para evitar que o esgoto continue caindo direto nos igarapés.
O chefe do departamento de meio ambiente da Secretaria, Antônio José, explicou que a cidade sofre por conta de uma cultura erronia sustentada ao longo dos anos, de que o esgoto doméstico deveria ser jogado nos igarapés. “Hoje, depois de 100 anos de fundação da cidade é que começamos a ver os prejuízos causados por falta de planejamento, mais de 90% das residências foram construídas com os canos do esgoto apontados direto para rua ou para um igarapé. O resultado de tudo isso, tem sido o aumento das doenças causadas pela contaminação através da água, como as hepatites, viroses, diarréias, infecções intestinais entre outras” explicou o coordenador.
A recomendação da coordenadora do departamento de controle ambiental da Prefeitura, Francisca Nascimento, é que os ribeirinhos fervam ou filtrem a água colhida no Rio Juruá para o uso doméstico e usem hipoclorito de sódio para ajudar a combater as bactérias contidas na água.
Fonte: www.tribunadojurua.com – Francisco Rocha
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