segunda-feira, 11 de julho de 2011

Macacos invadem casas e roubam comida na Zona Sul do Rio de Janeiro



Uma quadrilha que age em silêncio total, sem deixar rastros e de forma muito misteriosa.

Preste atenção no depoimento das vítimas. “Eu sempre convivi com eles, mas ficavam eles lá e a gente cá. Este ano alguma coisa mudou. De uns dois meses para cá, eles começaram a invadir os apartamentos”, comenta a médica Viviane.

“Ele entra, faz bagunça, rouba, quebra e joga tudo no chão”, diz o taxista Silvio Santos.

No Jardim Botânico, Zona Sul do Rio de Janeiro, os assaltos são anunciados em um assovio, como se imitassem um pássaro. Foi no bairro que as equipes de reportagem do Fantástico ficaram de plantão para registrar imagens.

O bairro é o alvo porque o esconderijo perfeito fica nas imediações. É a Floresta da Tijuca, maior floresta tropical urbana do mundo.

Ousados, eles ficam à espreita nos telhados, sobem pelas calhas dos prédios, arriscam saltos e chegam a invadir as casas. Um macaco abusado rouba uma caixa de leite longa vida.

Mas a ação mais impressionante está para acontecer. Em um prédio aparentemente tranquilo, de repente, o primeiro integrante da quadrilha se aproxima. O macaco usa os fios de alta tensão para chegar à árvore em frente ao prédio. Quando chega ao topo, já está em contato com outro integrante.

O macaco percebe a presença da equipe de reportagem e lança olhares ameaçadores. Um deles consegue chegar à janela do apartamento. A dupla examina o local e planeja o ataque. Um último olhar sorrateiro e começa a sequência de invasões.

A especialista em primatas Cristiane Rangel auxilia a equipe de reportagem no exame das imagens exclusivas. “Os jovens tendem a ser mais ousados, eles têm menos medo. Assim como os humanos, os adolescentes são rebeldes, eles são curiosos, chegam perto, acabam se aproximando e olhando o que está acontecendo. Se sentir cheiro de comida então...”, explica a especialista.

A dupla não se satisfaz. Enquanto há o que roubar, eles continuam agindo. Ele chega até a janela e entra mais uma vez na casa. Na maior cara de pau, leva toda a sacola de pães. Uma dieta de risco. Mas não pense que a farra acabou. Imagine que você faz um lanche enquanto trabalha no computador. Ao se ausentar por um momento, o flagrante. E o banquete acontece bem em frente ao local do crime.

Pouco tempo depois, um terceiro elemento sobe por uma árvore e se aproxima da casa. Ele parece mais receoso. Será sua primeira vez? Usando a maçaneta de apoio, ele se prepara para saltar. Ali mesmo, põe na boca tudo o que consegue e, rapidamente, foge, mas fica ainda algum tempo na sacada do apartamento.

Quando todos pareciam ter ido embora, há uma movimentação na árvore e mais um meliante à espreita: o quarto elemento da quadrilha. Ele sai com uma banana na mão e outra na boca.

Quase ao mesmo tempo, entra na casa um elemento de maior porte, o maior deles. Apesar da boa aparência, ele vai até a mesa e pega uma banana e um mamão. Segundos depois, a equipe de reportagem do Fantástico flagrou no topo de uma árvore decidindo qual seria o primeiro prato.

Um último integrante se aproxima. Já são seis macacos. Ele parece ser o menor de todos. Pula rápido de uma árvore para outra, mas se assusta ao entrar na casa. Deixa cair a sacola com uma das bananas. Logo depois, a outra banana cai, já descascada. O crime não compensa.

O que fazer para evitar esses roubos? “Quem tem o hábito de botar o comedouro para atrair o bicho, porque acha bonitinho isso, não é bom. O vizinho coloca e ele vai entrar na sua casa também”, afirma a especialista em primatas Cristiane Rangel.

Isso não é o retrato de um desequilíbrio ambiental? “É o retrato de uma cidade crescendo para dentro da floresta. A casa da pessoa era a casa do macaco antes”, explica Cristiane Rangel. Portanto, se você vir uma dessas caras pela rua, não faça nada. Apenas não dê comida aos macacos.

Fonte: Globoamazônia

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