Climatologistas alemães estão pressionando pela criação de um "Banco Mundial do Clima" que permitiria aos países industrializados comprarem direitos de emissão de CO2 de países menos desenvolvidos. Os lucros permitiriam aos países pobres financiarem o desenvolvimento econômico sustentável.
Um novo estudo feito por conselheiros do governo alemão revelou que as nações industrializadas precisam reduzir radicalmente suas emissões de CO2 se quiserem atingir a meta internacional de limitar o aquecimento global a 2 graus Celsius acima dos níveis pré-industriais. Os climatologistas estão propondo estabelecer um "banco mundial do clima" para permitir aos países comercializarem direitos de emissão.
De acordo como o Conselho Alemão sobre a Mudança Global (WBGU, na sigla em alemão), o país teria que diminuir as emissões de CO2 para a metade dos níveis atuais em 2020, e cortá-las para zero em 2030 se quiser cumprir a meta. "Essas descobertas são tão surpreendentes quanto chocantes", disse o executivo da WBGU Hans Joachim Schellnhuber sobre o relatório, preparado antes da cúpula internacional sobre o clima, que acontecerá em dezembro, em Copenhagen.
O governo alemão vem planejando cortes muito menos ambiciosos até agora.Desequilíbrio climáticoOs cientistas da WBGU estimam que não mais do que 750 bilhões de toneladas de CO2 possam ser emitidas por todos os países coletivamente entre hoje e 2050 para haver 67% de chance de atingir o objetivo de 2 graus Celsius. A meta foi estabelecida durante a cúpula do G-8 na cidade italiana de L'Aquila, onde as nações mais desenvolvidas discutiram medidas para limitar os efeitos do aquecimento global.
Em seus cálculos, os pesquisadores distribuíram a quantidade total admissível de CO2 igualmente entre a população total do mundo. Essa abordagem foi baseada numa proposta feita em 2007 pela chanceler alemã Angela Merkel e pelo primeiro-ministro indiano Manmohan Singh de que todos os indivíduos no mundo deveriam ter o direito de emitir a mesma quantidade de CO2.
Baseado nessa premissa, cada país tem um limite de tempo diferente para reduzir suas emissões, dependendo de seu consumo de combustíveis fósseis como petróleo, carvão e gás natural. Por exemplo, Bangladesh, que é relativamente pobre, pode manter seus níveis atuais de emissões durante os próximos 384 anos e ainda assim atingir a meta para o seu volume total de emissões.
A Índia, por sua vez, poderá continuar no nível atual por 88 anos. Entretanto, as nações industrializadas terão que cortar as emissões drasticamente dentro de poucos anos.Os especialistas da WBGU estão propondo que os países industrializados possam comprar "direitos de emissão" de países menos desenvolvidos se quiserem continuar a emitir altos níveis de CO2.
Eles sugerem estabelecer um "banco mundial do clima" que permitira às nações industrializadas comprarem quotas de países com um nível mais baixo de emissões de CO2. Os especialistas estimam que o comércio global de quotas de emissões possa gerar lucros anuais entre ?30 bilhões e ?90 bilhões (R$ 80 bi e R$ 241 bi). Esse dinheiro poderia então ser utilizado para ajudar os países mais pobres do mundo a financiar o desenvolvimento econômico sustentável.
A Alemanha já enfrenta dificuldades para alcançar suas metas climáticas atuais. Um relatório recente da empresa de engenharia e consultoria EUtech, localizada em Aachen, aprovado pelo Greenpeace, revelou que a Alemanha não atingiria a redução de 40% de emissões de dióxido de carbono até 2020 que o governo havia estabelecido como sua meta oficial.
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