segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Níveis de gases-estufa batem recorde na atmosfera, diz ONU

As concentrações de gases que provocam o efeito estufa na atmosfera estão no maior nível já registrado e continuam aumentando, disse na segunda-feira a Organização Meteorológica Mundial (OMM, um órgão da ONU).

O diretor da agência, Michel Jarraud, disse que essa tendência pode estar levando o mundo para os cenários mais pessimistas com relação ao aquecimento global nas próximas décadas, caso não haja uma ação urgente.

No pior cenário traçado pelos cientistas de uma comissão da ONU em 2007, a temperatura média do planeta subiria entre 2,4 e 6,4 graus Celsius até o final do século. Isso provocaria inundações, secas, degelo das calotas polares e outros problemas climáticos.

O G-8 e outras grandes economias concordaram, em uma cúpula na Itália em julho passado, em limitar o aumento para até 2 graus Celsius.

Em entrevista coletiva em Genebra, a propósito do lançamento oficial do Boletim do Gás do Efeito Estufa, uma publicação anual, Jarraud disse que "o conteúdo de CO2 (dióxido de carbono, o mais comum dos gases-estufa) na atmosfera subiu ligeiramente mais rápido em 2008 do que ao longo da última década, quando a taxa de crescimento era de 1,9 parte por milhão (ao ano)".

Segundo ele, a concentração de CO2 atingiu 385,2 partes por milhão em 2008, um aumento de 2 partes por milhão em um ano.

GASES-ESTUFA EM NÍVEIS RECORDE

"Em 2008 as concentrações mundiais de dióxido de carbono, metano e óxido nitroso na atmosfera atingiram os maiores níveis registrados desde a época pré-industrial", disse o OMM.

O dado deve ser levado em conta na reunião ministerial da ONU entre 7 e 18 de dezembro, em Copenhague, que discutirá a adoção de um novo tratado climático global.

Um dos principais itens a serem discutidos são as metas de redução das emissões de gases-estufa por causa da queima de combustíveis fósseis, especialmente nos países industrializados.

Jarraud disse que o relatório mostra que "estamos realmente mais próximos do cenário mais pessimista" e "reforça o fato de que uma ação tem de ser tomada assim que possível". "Quanto mais adiarmos a decisão, maior será o impacto".

A OMM coordena a observação dos gases do efeito estufa na atmosfera por meio de uma rede de estações em mais de 50 países. Esse boletim anual tem sido divulgado desde 2005.

Jarraud disse que o aumento das emissões nos últimos anos mostra a ineficácia do atual tratado climático global, o Protocolo de Kyoto, aprovado em 1997. "Mas, sem ele, a situação hoje seria bem pior," admitiu.

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