Como resposta às denúncias de que a pecuária é a principal responsável pelo desmatamento na Amazônia, o Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e os grandes frigoríficos se preparam para anunciar, na semana que vem, um compromisso ambiental que prevê uma série de exigências para a concessão de empréstimos por parte do banco.
Dentre as exigências, segundo fontes, está a implementação de um programa de rastreabilidade que permita dizer se a carne que chega aos supermercados tem origem em fazendas que contribuem para o desmatamento do bioma amazônico. Detalhes do compromisso foram acertados em reunião realizada na última sexta-feira em São Paulo, com representantes dos frigoríficos e o presidente do BNDES, Luciano Coutinho.
A rastreabilidade é tida como a única forma de garantir com segurança que o gado não está avançando em áreas de desmatamento. Entretanto, os desafios para se colocar um “brinco” na orelha do boi são muitos. O principal é o notório alto índice de sonegação no setor.
“A sonegação é muito forte e, se você coloca o brinco no boi, você tem de declarar o animal”, diz um executivo do setor com passagem pelo governo. Estima-se que 35% do abate realizado no País seja informal. “Se não houver um grande incentivo, não vai funcionar.”
Além da informalidade, há a questão do custo. Quando o chamado Sisbov, sistema de rastreamento bovino do Ministério da Agricultura, foi implantado, em 2002, havia uma expectativa de que os frigoríficos pagariam mais pelo boi rastreado, o que não aconteceu. “Os frigoríficos passaram a pagar o mesmo preço pelo boi rastreado e deram um deságio no preço do boi não rastreado”, conta um fazendeiro que não quis se identificar.
Criado em 2002 para atender às exigências fitossanitárias da União Europeia, o Sisbov tinha como meta rastrear 100% do gado nacional até 2007. Em 2007, apenas 10 mil fazendas de gado, de um universo de mais de um milhão, estavam cadastradas.
E, mesmo assim, após uma vistoria da União Europeia no início de 2008, apenas 80 das 10 mil fazendas foram aprovadas. Mas o número de fazendas que fazem rastreamento e estão habilitadas a exportar para a UE tem crescido, e hoje chega a 1,1 mil. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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