Para quem não é biólogo, pode parecer uma insensatez gastar anos de estudo para entender como funcionam os sistemas de respiração dos peixes amazônicos. Adalberto Val, diretor do Inpa (Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia), gastou mais de 20 anos de sua vida debruçado sobre esse assunto, e garante que, além de beneficiar os próprios peixes, suas pesquisas têm retorno para o ser humano.
Um grande passo para que isso aconteça está sendo dado por um centro de estudos criado há pouco tempo na Amazônia, o Adapta (Centro de Estudos de Adaptações da Biota Aquática da Amazônia). Por meio da pesquisa de peixes e outros organismos aquáticos, cerca de cem cientistas se juntaram para descobrir substâncias medicinais.
A meta dos pesquisadores é, nos próximos três anos, já ter pelo menos dez substâncias de valor comercial. “Queremos produtos de importância veterinária e medicamentos, como antibióticos e hormônios de crescimento”, afirma Val. Como exemplo do que os peixes podem oferecer, o cientista afirma que há uma espécie que consegue sintetizar vitamina C. Com pesquisas, pode-se descobrir como o ser humano pode se beneficiar disso na sua alimentação.
De todas as cores e tamanhos
A possibilidade de descobrir essas substâncias nos peixes vem da extrema diversidade desses animais na Amazônia. “A região tem a maior quantidade de espécies de peixes de água doce no mundo”, afirma o diretor do Inpa. Além disso, a floresta agrega ambientes muito distintos, como rios caudalosos, florestas e campos inundados, e pequenos igarapés.
Toda essa mistura foi estudada durante muitos anos em diversas instituições. No Adapta, um banco de dados já está sendo estruturado para concentrar essas informações, tentando entender como os peixes conseguem suportar ambientes tão distintos, e como reagem a mudanças trazidas pelo homem, como a contaminação das águas e o desmatamento.
Um comentário:
Carissimo Melo, Acabei de descobrir seu blog e fiquei feliz de encontrar um espaço onde as coisas boas da nossa região possam ser mostradas.Moro em Belém, Pará e posso dizer que nós aqui também temos a sensação de que somos assim meio que uns primos esquecidos do resto da família. Eu não sei(assim como o resto do Brasil)o que tem de bom por ai, mas eu posso imaginar que ai deva ter cerébros e talentos tão bons ou melhores quanto o resto do País.
Ótima reportagem.Muitos mistérios da Amazônia ainda serão revelados para o espanto do mundo.E essa bola está com você.
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