segunda-feira, 12 de abril de 2010

Alter do Chão, um paraíso perdido na Amazônia

Segunda, 12 de Abril de 2010


Por Alexandre Cappi


Vira e mexe Alter do Chão, no Pará, é comparado ao Caribe. A areia branca e as água calmas até podem ser parecidas. Mas as semelhanças param por aí. Isso porque esse pedaço de terra em meio à floresta amazônica reserva emoções bem diferentes das que podem ser encontrar nas famosas ilhotas localizadas mais ao norte do globo.

Imagine-se um náufrago numa praia paradisíaca isola no meio da selva amazônica. Um lugar onde a água é cristalina, a temperatura é a mais agradável possível, comida farta e, o melhor e tudo, sem nenhum mísero mosquito. Aí você diria: “Doce utopia, os paulistas já o teriam descoberto e divulgado”. Pois é, esse lugar existe, chama-se Alter do Chão, fica no Pará e, segundo consta, os gringos já se anteciparam aos paulistas na divulgação.

Isso porque o The Guardian e o The New York Times, dois dos maiores jornais do mundo, listaram Alter do Chão entre as dez melhores praias do Brasil. E até o príncipe Charles, herdeiro do trono inglês, apareceu por lá ano passado.

Alter deixa perplexo até os mais céticos. Situado às margens do gigante Tapajós, afluente do rio Amazonas, esse distrito de 7 mil habitantes se tornou refúgio da cidade de Santarém, a 34 quilômetros de distância. A região também é uma Área de Proteção Ambiental (APA) banhada pelo estonteante Lago Verde, de160 quilômetros quadrados. A comparação caribenha se deve às longas faixas de areia branca e às águas calmas que mudam de azul safira para verde-esmeralda conforme a luminosidade solar.

E é só. Alter do Chão está longe de ser um parque temático do que quer que seja. E se você for para lá atrás dos mergulhos ou free shops do caribe vai se decepcionar. Nessa pérola amazônica, o que há de melhor para fazer é tomar um banho incrível de rio – em todos os sentidos.

De agosto a fevereiro, o nível das águas pode baixar até 10 metros e as paias ficam mais evidentes. A dos Amores, por exemplo, é uma extensa barra fluvial situada bem em frente à praça central de Alter. Famílias inteiras costumam atravessar o rio em canoas típicas, conhecidas como catraias, para petiscar nos quiosques no meio da praia.

A temporada de cheia começa em fevereiro (a visita só não é recomendável em maio, junho e julho, porque chove muito). O cenário muda, algumas praias somem, mas Alter não fica menos belo e interessante, pois é possível navegar ou rema pelos igapós – florestas inundadas que abrigam grande variedade de fauna e flora.
                                                                                                 
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                                                                                                      Potencial ainda inexplorado

Vale a pena destacar o enorme potencial da região, até agora pouco explorado, para o ecoturismo e os esportes de aventura. A única trilha existente é a do morro Piroca, que leva a um mirante de 100 metros de altura. Para os mais dispostos, um bom passeio é locar caiaques na praia dos mores e remar pelos igarapés, canais estreitos e rasos existentes na bacia amazônica.

Nos fins de semana, Alter recebe muitos veranistas de Santarém. Para escapar do som alto da cidade e as lanchas no Lago Verde, a dica é procurar os passeios de barco, que podem durar até cinco dias (o roteiro varia de acordo com a disposição e o tempo de cada grupo). O mais procurado pelos turistas mescla trilhas em florestas primárias, cachoeiras e praias desertas.

A primeira parada do passeio é a Ponta do Cururu, logo na saía do Rio Tapajós, uma faixa de areia repleta de pássaros. Um pôr do sol de cores vibrantes contrasta com a luz prateada da lua cheia suspensa como um farol na margem oposta. Navegando rumo ao Sul para encontrar com o rio Arapiuns, botos-cor-de-rosa emergem no banco de areia sob a luz dos relâmpagos vindo do Norte.

No verão, surgem praias de areia branca e fina, às vezes formando pequenas dunas cercadas pro águas cristalinas e azuladas. No fim do dia, uma visita até a intrigante cachoeira de Aruã, dividida em duas quedas-d’água e com uma enorme árvore ilhada no meio.

De volta ao Tapajós, desembarca-se no vilarejo Jamaraqua, onde há uma trilha de 14 quilômetros que corta a Floresta Nacional dos Tapajós (Flona), reserva extrativista com 545 mil hectares inaugurada em 1974. É uma mata exuberante com árvores centenárias: castanheiras, pequiás, mirapixunas e as samaúmas, rainhas d selva que medem até 70 metros de altura.

Na última noite da viagem de barco, uma autêntica piracaia, uma espécie de lual caboclo na praia, com direito a tucunaré na brasa e estrela cadentes no céu se lua – algo que, definitivamente, não há lá pelos lados do Caribe verdadeiro.

VOOS PARA SANTARÉM – GOL

ORIGEM SAÍDA CHEGADA

Belém (BEL) 12h20 13h35

Manaus (MAO) 12h00 14h10

Guarulhos (GRU) 21h10 02h10

Brasília (BSB) 10h20 14h10

Fortaleza (FOR) 09h00 13h35

Galeão (GIG) 20h40 02h10

Confins (CNF) 07h30 14h10

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