terça-feira, 5 de outubro de 2010

Reunião na China tenta salvar conferência da ONU sobre o clima

Terça-feira, 5 de outubro de 2010

A última rodada de negociações preparatórias para a conferência das Nações Unidas sobre o clima em Cancún, no México, prevista para começar no final de novembro, foi iniciada nesta terça-feira na cidade de Tianjin, no leste da China.

Muitos veem a reunião de seis dias como a última chance de se encontrar denominadores comuns e salvar os esforços internacionais por um acordo sobre o clima, fortemente abalados desde a reunião de 2009 em Copenhague.

A própria secretária-executiva da convenção da ONU sobre o clima, a costa-riquenha Christiana Figueres, alertou para a urgência dessa necessidade.

"Um avanço concreto em Cancún é uma necessidade crucial para restaurar a fé e a capacidade dos envolvidos de levarem o processo adiante, evitando que o multilateralismo seja visto como uma estrada sem fim", disse Figueres em seu discurso de abertura em Tianjin.

A conferência de Copenhague, que começou cercada de expectativas de um acordo que viesse a substituir o Protocolo de Quioto --tratado que prevê cortes nas emissões dos gases que provocam o efeito estufa e que expira em 2012 --, acabou sem qualquer acordo oficial assinado por todos os países.

Apenas as maiores economias, entre elas, Brasil, China, Índia, Europa e Estados Unidos, assinaram uma carta de intenções, que estipula um teto de aquecimento global e prevê um fundo de emergência para países atingidos pelas mudanças climáticas.
 
OBSTÁCULOS
Ao longo do ano, o processo sofreu outro revés importante com a não aprovação da legislação climática americana pelo Senado.

Os Estados Unidos, por serem historicamente o maiores poluidores --embora, em números absolutos anuais, tenham sido superados pela China--, estão no centro dos principais impasses nas negociações.
O país, a única grande economia que não ratificou o Protocolo de Quioto, defende a criação de um novo tratado internacional, em vez de uma continuação do documento.

Paralelamente, o grupo de países em desenvolvimento apelidado de Basic (Brasil, África do Sul, Índia e China) tomou forma e realizou encontros ao longo do ano, tentando afinar uma posição conjunta.
 
RISCO
Para alguns, o encontro em Cancún pode, em vez de restabelecer a confiança no processo internacional, acabar como a pá de cal dele.

As reuniões anuais das Nações Unidas levam milhares de representantes de mais de 190 países, além de cientistas, ativistas a locais tão díspares como Bali, Nairóbi, Copenhague e Cancún.
Sem avanços, as críticas sobre a quantidade de emissões e dinheiro empenhado no processo ganham força.

Nos Estados Unidos, há cada vez mais gente defendendo acordos paralelos e legislações nacionais, em vez de um acordo internacional abrangente nos moldes de Quioto.

Em Tianjin, negociadores tentarão reduzir o texto negociado, que atualmente tem mais de 70 páginas.
Entre os principais pontos de discórdia estão metas pós-2012 de emissões de gases que produzem o efeito estufa e como administrar as verbas de US$ 100 bilhões por ano do fundo de emergência já proposto pelos países ricos.

No entanto, tampouco está claro de onde virão bilhões deste fundo.
O chamado Acordo de Copenhague, adotado por alguns países em 2009, também estipula como teto para o aquecimento global 2 ºC acima da temperatura pré-industrial.

Este número também precisa ser aceito por outros países para que se possa começar a pensar em medidas que levem a manutenção deste limite.

Cientistas afirmam que as atuais promessas de cortes de emissões apresentadas pelos integrantes da convenção do clima não evitariam um aquecimento mais catastrófico.

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